"O Mundo não é uma herança dos nossos pais, mas um empréstimo que pedimos aos nossos filhos" (Autor desconhecido)

sábado, 7 de setembro de 2013

May French Sheldon


VIAJANTES, AVENTUREIROS E EXPLORADORES

May French Sheldon – (Beaven (Pensilvânia, EUA) 10/05/1858 – Londres, 10/02/1936) – Viajante, escritora.
Nascida no seio duma família abastada e culta, cuja principal actividade económica era o cultivo do algodão, tabaco e cana-de-açúcar, cultivo este que se espalhava por milhares de hectares no sul do Mississípi, May Sheldon recebeu uma educação esmerada e completa. Os seus pais, membros da aristocracia americana, por descenderem dos primeiros colonos que por ali se fixaram, não se enraizavam demasiado nas questões políticas do Sul. Apesar de viverem no ainda paradisíaco sul esclavagista (para os senhores) a Europa era o seu porto de abrigo e para onde viajavam com frequência, o que os tornava amantes dos prazeres da vida sulista mas apoiantes dos princípios europeus. O seu pai (o Coronel French) era um estudioso das ciências matemáticas e a sua mãe (Elisabeth French) uma apaixonada pelo estudo da influência da electricidade no tratamento humano, tendo publicado diversas obras sobre este tema (“Manual de electroterapia” (1873); “Breve tratado de anatomia e fisiologia” (1877); “Guia familiar para as aplicações da electricidade” (1877) e “O diagnóstico electro-cranial” (1885). 
 
E deste casal progenitor, mundano, elitista, defensores do darwinismo e materialista e viajado, que tanto se sentiam bem em Filadélfia como em Londres ou em Paris, May Sheldon receberá uma educação esmerada, aberta aos novos rasgares das fronteiras da ciência e da filosofia e será incentivada a expandir os seus desejos. Faz os seus estudos em Itália, onde aprende Literatura Clássica, Música, Desenho, Italiano e Francês e, a completar esta educação esmerada, apenas com 16 anos de idade acompanha os seus pais numa viagem à volta do mundo.
 
No seu estado adulta busca onde fixar a sua actividade e, para tal, volve os seus interesses para os Estudos Clássicos, pela História, para a Geologia e, finalmente, sendo filha duma médica, cursa medicina, que completa. É então que o destino aponta o seu caminho ao travar conhecimento com um amigo do seu pai, o mundialmente famoso Henry Morton Stanley, um dos mais duros experimentados exploradores e desbravadores do continente africano (1). Henry Stanley fascina May Sheldon que, ao relatar-lhe as suas odisseias africanas, põe-na a sonhar com as grandes extensões territoriais africanas ainda desconhecidas dos europeus.
 
 
Em 1883 casa-se com Eli Lemon Sheldon e, aproveitando o dom e a apetência do seu esposo para o mundo dos negócios, acaba por fundar uma editora (Saxon & Co.), com escritórios em Londres e Nova Iorque. Aproveitando a sua formação académica nas áreas da Literatura e sendo proprietária duma editora, May Sheldon durante seis anos dedica-se a traduzir a obra “Salambô” de Gustave Flaubert e quando o edita (1886), dedica este seu trabalho “…ao homem que criou o Estado Livre do Congo (2), destinado a ser um dia a imagem da antiga Fenícia”, ou seja dedica a obra a Henry Morton Stanley. Três anos mais tarde publica um romance da sua autoria, ao qual dá o título de “Herbert Severance”, livro este que é um autêntico fiasco editorial.
 
Aos 33 anos May Sheldon encontra-se numa encruzilhada. Rica, culta, viajada, dona duma editora de sucesso (o contrário da sua tentativa de ser escritora) procura algo mais que possa vincar as suas ideias feministas e provar ao mundo que as mulheres também são tão capazes como os homens. O elo de amizade que a liga a Henry Morton Stanley e o fascínio da sua vida aventurosa naquele continente levam-na a tomar uma opção: irá até África, visitar o monte Kilimanjaro e explorar a região onde vivem os masai (3), famosos, na altura, pela sua beleza e coragem, por viverem para e com o gado que pastoreavam e de quem sorviam o seu sangue e por guerrearem as tribos das regiões que atravessavam, sendo livres como o vento.

Prepara a expedição ao pormenor, como se fosse uma campanha militar. O conforto e o luxo, que a sua imensa riqueza lhe permite, serão seus companheiros permanentes, fazendo lembrar outra exploradora famosa, Alexine Tinne (4). Desde o armamento mais que suficiente para se defender e caçar, aos medicamentos (leva uma enfermaria completa), aos artigos de higiene e de banho, de dormir, guarda-roupa e todos os restantes acessórios, de tudo abunda e exige, ao milímetro que nada falte, para além duma corte de servidores.
 
As prendas a ofertar às chefaturas nativas locais, quer para garantir a segurança da sua expedição quer para que a alimentação não falte, são uma panóplia infindável: roupas, bonecas, tecidos de veludo e de seda, rendas, fardas vistosas, caixas de música, cachimbos, livros com gravuras, espelhos, maquinaria diversa e para cima de um milhar de anéis de cobre com o seu nome gravado, que iria oferecer a rodos, como forma de deixar o registo da sua passagem por aquelas paragens.
 
Mas o artigo que mais vistoso havia na sua expedição era o palanquim de vime entrançado em que se iria deslocar e ao qual apelidou de “Elefante Branco”. Viajar sim, mas com requintes de grande dama. May Sheldon não era uma aventureira pura e dura, mas sim uma viajante do mais fino recorte.

 
 
"Elefante Branco"
 
Em princípios de 1891 May Sheldon, finalmente, parte de Londres sendo acompanhada pelo seu marido até Nápoles, onde se separam. Atinge Mombaça onde a esperam dificuldades. Os britânicos não vêm com bons olhos a chegada desta norte-americana rica, que pretende viajar atá ao território masai, região esta que ainda não está soberanizada à Coroa, pois os alemães também a reivindicam para si. As dificuldades burocráticas que lhe erguem são tantas que decide ir até Zanzibar, onde admite que aí as autoridades coloniais não a obstaculizem tanto.
 
No entanto aqui a tenacidade opositora britânica é a mesma e ainda mais se acentua quando May Sheldon, feita feminista convicta, pretende contratar carregadoras em detrimento de carregadores, o que a torna no centro principal das piadas dos colonos. Cansada e irritada joga tudo por tudo junto do Sultão de Zanzibar, ali entronado por convénio entre os britânicos e o Sultanato de Omã, a quem deve obediência. Após um turbulento encontro conseguirá obter deste um salvo-conduto e uma centena de carregadores, mas tem que desistir das suas ideias de criar um corpo feminino de carregadoras. Apenas conseguirá uma e da qual virá a arrepender-se por a achar preguiçosa.
 
 
Salvo-conduto emitido pelo Sultão zanzibarita
 
Volta para Mombaça e, cônscia que muitas expedições falharam porque os seus líderes trataram mal os seus homens, May Sheldon não cometerá esse erro. A todos distribui roupa, escolhe chefias intermédias que acha capazes, efectua os pagamentos estipulados atempadamente e a todos discursa. Mas as dificuldades virão ao de cima logo no início da caminhada, quando parte de Mombaça para o interior. Os homens não acham que ela, uma mulher, seja capaz de os defender em caso de emboscada. Largam a carga no chão e recusam-se a avançar. May Sheldon não hesitará e ordena o chicoteamento público de dois líderes da contestação.
 
Sobre este tema do chicoteamento escreverá mais tarde: “… ao todo não chicoteei mais de dez homens na minha viagem. … percebi que a disciplina só podia ser mantida com a aplicação de castigos seguros e simples, segundo um método que era familiar àqueles homens e tinha a aprovação de todos. Qualquer discussão, qualquer tentativa de persuasão só suscitava ironia e desprezo sem dúvida porque eu, o chefe, era uma mulher.”
 
May Sheldon conquistava o título de “Bebe Bwana”, a mulher chefe. Lidera incontestavelmente este grupo num total duns 300 homens, e tentará, a todo o custo, que todos regressem sãos e salvos. Diariamente inspeciona as suas forças, vistoriando o asseio dos mesmos, vacinando-os contra a varíola, mandando rapar as cabeças logo que surgem as primeiras lêndeas, distribuindo pensos e pomadas para curarem as feridas, principalmente nos pés e ordena que os feridos e doentes sejam transportados em macas, recusando-se a abandoná-los. É, sem dúvida, reconhecida como “Bebe Bwana”, caminhando à frente da expedição (nem sempre usava o palanquim), com as pistolas à cintura, óculos fumados para lhe proteger a vista da inclemência do Sol e apoiando-se no seu famoso bordão onde gravara a bandeira americana e a sua divisa “Noli me tangere” (“Não me toquem”).
 

Pouco a pouco a expedição, bem alimentada, vestida e disciplinada, interna-se no sertão e atinge território masai. Pelo caminho vão-se cruzando com grupos étnicos que se admiram por ser uma mulher a liderar tal expedição. Para muitos deles será a primeira vez que vêm uma branca e, para ainda mais os impressionar, May Sheldon envergará uma cabeleira postiça loira, vestidos de seda, e distribuirá anéis com o seu nome gravado, bem como nunca regateando preços para troca de alimentos. Nasce assim a lenda da “Rainha Branca”, pois todo o fausto com se rodeia e se apresenta àqueles povos, muitos deles ainda em estado semi-selvagem, ajuda a que toda esta encenação faça cimentar a lenda. May Sheldon tem a firme convicção que ao apresentar-se esplendorosa e detentora dum poder de fogo e persuasão inquestionáveis, garantirá a sobrevivência da sua expedição naquelas paragens inóspitas, ainda mal calcorreadas por brancos.

 
Apaixona-se pela África primitiva e pelas suas gentes reconhecendo-lhes nobreza. Escreverá, a cera altura, sobre um encontro que teve nas faldas do Kilimanjaro, com um grupo de nativos: “… no entanto possuíam o porte orgulhoso e descontraído que se espera dum homem civilizado. Quando mandei distribuir-lhes as peças de pano… observaram-nas e olharam para amaneira como os meus carregadores estavam vestidos com elas. No entanto, em vez de se embrulharem nelas como exigia o pudor, preferiram fazer uma cauda caindo três a quatro metros de um dos ombros, ou um turbante enrolando-os à volta da testa ou à volta do braço, do tornozelo. Nenhum esteve disposto a com ele cingir os rins. … não têm qualquer consciência da sua nudez; usam-na com tanta dignidade. E eu considero a sua cor negra como um fato adequado à sua primitiva simplicidade. Na verdade estavam vestidos como uma toga viril, um traje apropriadamente masculino, que não sai da moda, inato.”
 
Será, por isso, que May Sheldon não terá qualquer rebuço em vituperar um pouco mais tarde, o chefe Miraeli, considerado o mais importante líder daquela região do Kilimanjaro, a quem o visita na sua aldeia. Este recebe-a rodeado dos seus milhares de homens e trajando roupas europeias descompassadas. Irritada, a viajante interpela-o: “Porque usa essas roupas? Fazem-no parecer uma cabra. Quero vê-lo com a sua roupa habitual, com a de Miraeli, o grande sultão africano.” Despindo-se e voltando aos seus trajes africanos, Miraeli viu-se presenteado, por troca da sua lança, com uma caixa de música, uma toalha e um serviço de chá. Para ainda mais impressionar as gentes de Miraeli, May Sheldon apresentou-se: “Quando fiz a cerimónia de recepção em grande traje de noite, caiu (Miraeli) literalmente ao chão… A minha peruca loira interessou-lhe especialmente e ele trouxe-me uma peruca indígena, usada nas danças, feita com os pêlos brancos do colobe (5) modelados de forma a parecerem uma cabeça humana. O meu vestido era uma infinita fonte de admiração, não só para Miraeli, mas para todos os chefes e todos os indígenas. Miraeli quis saber de que tecido era feito. Josefe (o intérprete) apresentou a minha cidadania americana como testemunho, informando-o rapidamente de que a seda e a musselina prateada que cobriam o tecido nunca eram usadas no meu país senão pelas rainhas como Bebe Bwana. As grandes pedras de cristal colorido, com que estava coberto no princípio, tinham sido arrancadas no decurso da viagem, para a troca e para os presentes, até não restarem mais nenhumas. Sucedera o mesmo com as minhas pulseiras, colares, anéis com que me cobria…”.

Usará todo este esplendor quando irá visitar outro chefe tribal, Mandara. Mas este, tido pelos alemães do posto de Moshi como cruel e sanguinário, que ansiava tanto por ver uma mulher branca, tendo até prometido um prémio de cem vacas a quem lhe satisfizesse tal capricho, ficou completamente rendido ao charme e ao fausto de May Sheldon. Quando a avistou, Mandara fixou de tal modo perturbado que disse: “Pensar que vivi o suficiente para ver uma mulher branca e que estou aqui sem me poder mexer.” Para alívio de May Sheldon.
 
Em Abril de 1891 May Sheldom explora o lago Chala, localizado a dois mil metros de altitude, a bordo duma barca, na companhia dum comerciante europeu e dalguns dos seus homens, indiferente aos crocodilos. Fotografa o lago e desenha os seus contornos. Convive com os rombos, um povo pacífico que aí vive, apesar de ter má fama, mas devido às razias dos negreiros árabes. Deles dirá: “São meigos com os filhos. … A liberdade total com que homens e mulheres se misturam, e a simplicidade das relações que unem pais e filhos mostram ser os traços mais simpáticos da sua vida social, sem que sejam especialmente o seu ideal…. Vivem para o prazer e têm prazer em viver.”
 
 
Lago Chala

Em defesa deles opor-se-á ao testemunhos do explorador alemão Karl Peters (6) que liquidou 120 guerreiros rombos, algumas semanas depois de May Sheldom ter por lá passado, justificando-se que fora atacado. Desta chacina dirá: “Isto faz-me ferver o sangue de indignação. É assim que a Alemanha se propõe colonizar, civilizar África? Sem dúvida devo estar investida dalgum poder sobre-humano pata ter sido capaz de vencer estes rombos pretensamente hostis ou então os processos do Dr. Peters foram simplesmente brutais, atrozes e inúteis.”
 
Finalmente May Sheldon cruza-se com os masai, a norte do Kilimanjaro a quem virá a classificar como “esplêndidos selvagens”, apesar de ter-se desiludido com eles. O seu primeiro encontro dá-se com um barulhento grupo de trinta guerreiros que tentam assustá-la. Mas May Sheldon não se amedronta e oferece-lhes prebendas, que logo os acalmam. Apesar de apreciar os seus trajes e os seus portes altivos não se deixa enganar. Deles dirá: “Não revelando qualquer sinal de afecto, mantendo as esposas a seus pés, não são felizes, não são alegres, não têm outros cânticos para além dos guerreiros. São os trágicos de África, comediantes cheios de ostentação teatral.”
 
Até ali a expedição decorrera sem grandes incidentes de monta, contando apenas com um morto nos seus homens (morto por um leão) o que era uma proeza assinalável, para a época. Para além da poeira, da chuva, da sede, dos ataques dos pequenos animais venenosos e dos de grande porte, dos mosquitos e das doenças típicas dos territórios que atravessavam, May Sheldon e os seus homens foram resistindo. Mas o seu périplo africano teve que ser interrompido contra sua vontade quando se viu atingida por um espinho numa vista. Enquanto aguardava alguma recuperação no seu palanquim foi atacada por uma piton, tendo sido salva em extremo pelos seus homens que acudiram aos seus gritos. Deste encontro com o ofídio dirá: “Não tenho vergonha de dizer que foi o maior terror da minha vida e que estava quase paralisada por ele.” Atacada pelo paludismo e a ser conduzida dentro do seu palanquim, ao atravessarem o rio Mkosambi, um dos seus carregadores põe o pé em falso num tronco apodrecido e o “Elefante Branco” tomba no rio, com May Sheldon no seu interior, atafulhadas de almofadas e tecidos ensopados, que lhe prendem ainda mais os movimentos na água. A custo os seus homens conseguem resgatar o palanquim das águas turbulentas do rio mas, ao retirarem o seu corpo dentro do mesmo, junto às margens, May Sheldon cai e fractura algumas costelas contra as rochas ribeirinhas. Recordará: “Fui levantada sem forças, incapaz de me mexer, começando a julgar-me incapacitada para toda a vida. Quando me recompus um pouco do choque, percebi imediatamente que a minha vida dependia da rapidez com que chegasse à costa.”. Ordena a deslocação para o posto alemão de Malinde e dali para a costa.
 
E é aqui que lhe surgiu a recompensa do ter bem tratado os seus homens durante todo o seu périplo por terras africanas. Apesar de esgotados os carregadores e a restante expedição acelerou o passo em direcção à costa, atingindo o litoral em Pangani. Dali segue de barco para Mombaça onde, apesar de estar violentamente debilitada, ainda consegue reunir forças para pagar o devido aos seus homens, deixando todas as contas liquidadas.
 
Sobrevive à viagem, reunindo-se ao seu marido em Nápoles. Este virá no entanto a falecer alguns meses mais tarde. A ele May Sheldon dedicará o livro que publica uns meses mais tarde (1892), onde narra a sua odisseia africana e que titula de “Sultan to Sultan: adventures among masai and other tribes of East Africa”. Contrariamente ao seu romance “Herbert Severance” este é um êxito literário. Recebe o reconhecimento público de diversos organismos geográficos.

 
Dois anos mais tarde, a convite do Rei Leopoldo da Bélgica, parte de novo para África, a fim de estudar as populações nativas do Estado Livre do Congo. Aí desilude-se, de vez, com o colonialismo belga e acaba por não redigir nenhum relatório. A escravatura e os tratos desumanos a que são submetidas as populações indígenas horroriza-a.
 
Quando rebenta a Primeira Grande Guerra está na Bélgica e trabalha em prol da Cruz Vermelha belga, na recolha de fundos. Será uma das suas últimas actividades públicas. Aos 78 anos, sem mais ter voltado a África, May Sheldon inicia a Grande Grande Viagem, em busca do seu marido. Já ninguém se lembrava dela. De certeza que, ao partir para o etéreo, finalmente pôde apreciar o cume nevado do Kilimanjaro, ela que fora apelidada em vida de “Rainha Branca do Kilimanjaro”.

 
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1 – Já anteriormente biografado.
2 – Já anteriormente sintetizado.
3 – Povo semi-nómada que habita o actual Quénia e norte da Tanzânia.
4 – Já anteriormente biografada.
5 – Macaco de pêlo longo e sedoso, segundo nota do editor em rodapé.
6 – Muito sumariamente biografado anteriormente, será alvo duma abordagem mais completa numa futura mensagem. Detentor duma visão altamente rácica, a sua actividade exploratória em África, ao serviço de interesses próprios e da política alemã foi extremamente controversa e torcionária.

Nota:
A – As transcrições de May Sheldon, no presente trabalho, foram colhidas do livro “As aventureiras em crinolina” de Christel Mouchard (Publicações Europa-América, 2000, 232 págs.),
B – Este livro também serviu de suporte principal para a recolha e pesquisa desta biografia.
C – Não conheço nenhuma tradução, em português, do livro “Sultan to Sultan”.

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HISTORIANDO MOÇAMBIQUE COLONIAL

 

Hermenegildo Capelo – (Palmela, 1841 – Lisboa, 04/05/1917- Hermenegildo Carlos de Brito Capelo) - Oficial da Marinha de Guerra Portuguesa (Contra-Almirante), geógrafo e explorador emérito. Tendo-se voluntariado para a Marinha, aos quinze anos de idade, concluiu o curso da Escola Naval em 1859. Foi um notável explorador do sertão africano. Em 1871 encontra-se a combater na Guiné, em Canconga e por pouco não perde a vida numa explosão de pólvora. Já como Capitão-Tenente, entre 1877 e 1880, acompanhado por Roberto Ivens e Serpa Pinto*, percorre as regiões de Benguela a Iaca, determinando os cursos dos rios Cubango, Luando e Tchicapa. Desinteligências havidas no seio do grupo levam a que Serpa Pinto se afaste dos objectivos iniciais desta viagem e se separe dos outros dois exploradores, prosseguindo a sua viagem solitária até atingir o rio Zambeze e chegando, de seguida, a Moçambique. Capelo e Ivens, depois de cumprida a sua missão, regressam a Lisboa e publicamDe Benguela às terras de Iaca. Esta mesma dupla inicia, em 29 de Abril de 1884, uma nova ligação terrestre entre Angola e Moçambique tendo, desta vez, percorrido cerca de 4.500 milhas a pé, no total, das quais 1.500 milhas em territórios ignotos, nunca dantes percorrido por europeus. Cartografaram, com bastante minúcia, todo o percurso efectuado, tendo sido a vila de Quelimane* a sua meta final, onde chegaram a 21 de Junho do ano seguinte (1885). Sobre esta odisseia escreveram “De Angola à contra costa”. Em 1902 é promovido a contra-almirante. De fortes convicções monárquicas, Hermenegildo Capelo mantém-se fiel a esse ideal, reformando-se da vida militar, após a implantação do regime republicano.
 
“Libres engagés” - Expressão francesa, utilizada após a abolição oficial do tráfico da escravatura e que não passava senão dum disfarce linguístico do termo escravatura, com que eram designados os moçambicanos que eram livremente contratados para irem trabalhar nas propriedades francesas sitas no Índico.
 
Mata-bicho – Gratificação; gorjeta.
 
Mata-bicho – Gíria militar que se aplicava ao tempo que ultrapassava o findar duma comissão ultramarina até serem substituídos, no decurso da guerra independentista.
 
Mataca - Barro.
 
Mataca – Título dinástico jaua*.
 
Makombe – Título dinástico do Reino do Barué*.
 
Palácio dos Capitães-Generais – Nome com que também ficou conhecido o Palácio de São Paulo*, na ilha de Moçambique*. Tal facto deveu-se por a partir de determinada altura o edifício, que fora pertença dos jesuítas, passou a servir de residência oficial dos Capitães-Generais colocados em Moçambique.
 
Gonçalo Caetano Pereira – (? - ?) - De origem goesa, estabeleceu-se em Moçambique entre 1760 e 1770, na região marave, sendo conhecido pelo cognome de “Dombo-dombo”. Acompanhou Lacerda e Almeida* na expedição ao Reino do Cazembe tendo, por este facto, sido nomeado Capitão-Mor* da Mixonga. Instalado na Macanja, que recebeu das mãos de Undi, Rei chewa, construiu um enorme prazo*, na base da violência e do comércio com o Cazembe, que legou aos seus filhos Manuel Caetano Pereira e Pedro Caetano Pereira.
 
Manuel Caetano Pereira – (? - Macanja, 1835?) - Filho primogénito de Gonçalo Caetano Pereira, em 1798 acompanha o pai na expedição de Lacerda e Almeida* ao Cazembe. Tendo herdado o título de Capitão-Mor*, foi o mais poderoso e fiel aliado da administração de Tete* protegendo, com os seus achikundas*, os destacamentos portugueses.
 
Pedro Caetano Pereira - (? – Macanja, 17/03/1849) - Herdeiro do seu irmão Manuel Caetano Pereira, este afro-goês, de cognome “Choutama”, torna-se no primeiro auto-proclamado Rei da Macanja, entrando em rota de colisão com os portugueses, apesar de ser Capitão das Milícias de Tete*. A partir de 1840 entra em confronto aberto com estes, ao atacar o Régulo* Bivi, aliado dos portugueses, derrotando mesmo uma expedição punitiva enviada por Tete contra si, em Maio de 1841, expedição essa chefiada pelo Tenente Rodrigo Jacinto Sousa. Em Março do ano seguinte dá-se um novo confronto entre forças portuguesas e as forças de Pedro Caetano Pereira, acabando este derrotado. No entanto só em 1843 é que os portugueses conseguem entrar na Macanja e derrotá-lo, em definitivo, acabando este por se submeter à força portuguesa. Detentor do monopólio do marfim* e escravos na região marave* tentou e conseguiu bloquear o comércio de Tete que, só com a sua morte, talvez por envenenamento, é que respirou de alívio.
 
Pedro Caetano Pereira – (? - 1858) - De cognome “Chissaca”, era filho de Pedro Caetano Pereira tendo, após o falecimento deste, herdado todos os seus bens, bem como o seu ódio aos interesses portugueses. Convicto que o seu pai morrera envenenado por membros da família Cruz (1) de Massangano, exigiu a Tete* que lhe entregasse os culpados e, perante a recusa desta, ordenou aos seus exércitos que devastassem todos os prazos* que não fossem sua pertença, com especial incidência nas possessões da família Cruz. Em 24 de Agosto de 1849 derrota as forças portuguesas que lhe fazem frente, provocando baixas junto dos comandos e apreendendo material de guerra. Em Setembro desse mesmo ano envia emissários seus a Tete, exigindo às autoridades portuguesas que lhe fossem entregues prazos da família Cruz, bem como lhe fosse entregue a proprietária dos mesmos, a septuagenária Eugénia Maria da Cruz e outros membros desta família, pretensões estas que lhe foram recusadas. Em 1850, no entanto, estabelece uma paz precária com os portugueses e devolve-lhes o material de guerra apreendido no ano anterior. De seguida, guerreia a família Cruz, invadindo e cercando o prazo de Massangano, conjugando as suas forças com as do Makombe Chipatata, do Barué*, em Junho de 1853, onde pontificava Joaquim José da Cruz*, seu inimigo mortal, até que é vencido, em Outubro desse mesmo ano. Morre em 1858, na campanha contra os maraves* do oeste.

1 – A família Cruz que aqui se refere, reporta-se aos familiares do prazeiro* Joaquim José da Cruz*.
 
Quelimane – Quando os Ezmoneidas foram expulsos da península arábica e iniciaram a lenta descida pela costa oriental africana, cerca de cinco séculos antes dos portugueses ali arribarem, fundaram diversas localidades, entre as quais a de Ouklimen, cujo aportuguesamento deu origem ao topónimo Quelimane. Assim, a feitoria de Quelimane era um dos multisseculares entrepostos comerciais árabes cujo negócio gravitava à volta do marfim*, ouro e escravos, conjugando os seus esforços comerciais com Sena e Tete. Quando a armada de Vasco da Gama ali aportou, na sua primeira viagem para a Índia (1498), avistaram pela primeira vez indícios de presença asiática, pois como vem relatado no “Roteiro” de Álvaro Velho, escriba da armada: “E um deles trazia uma touca posta na cabeça, com uns vivos lavrados em seda e o outro trazia uma carapuça de cetim verde. Isso mesmo vinha em sua companhia um mancebo que, segundo eles acenavam era de outra terra, daí longe e dizia que já vira navios grandes como aqueles que levávamos.” Por sentir bom prenúncio no caminho que estava a tomar, baptizou o rio que ali desagua como rio dos Bons Sinais*. Tendo-se iniciado a exploração da bacia do rio Zambeze a partir de 1529/30, os portugueses trataram de ali criar uma feitoria*, em 1544, com a dupla finalidade de servir de receptáculo às mercadorias vindas das feitorias interiores (Sena e Tete*), bem como de quebrarem o circuito comercial da feitoria suaíli* de Angoche*. Em meados do século XVII (1650) Quelimane era referida como estando rodeada por “uma paliçada de madeira assente em vigas fortíssimas e rodeada de um fosso que permite aos seus defensores lutar sem que os atacantes se apercebam dos seus movimentos”, bem como tinha “dez ou doze casas de colmo alinhadas junto ao rio onde, entre outros, viviam quatro portugueses e o capitão”. O povoado mantém-se estagnado e, para além da presença paroquial dos jesuítas, eram os senhores dos prazos que defendiam militarmente o mesmo, já que não existia uma administração pública nem exército. Assim, um século mais tarde, o povoado é descrito por António Pinto de Miranda como sendo: “um autêntico baldio onde os leões, as ticas e os hipopótamos passeiam à vontade, está cheia de concubinas nativas que servem alguns portuguesesCom o evoluir da fixação portuguesa ao longo do rio Zambeze*, fruto da política dos prazos*, Quelimane perdeu o seu estatuto de feitoria, evoluindo para uma das mais importantes localidades de Moçambique, como capital da Zambézia tendo, no século XVIII, obtido o seu próprio município, acabando o povoado por se apelidar de São Martinho de Quelimane. Atingiu o seu apogeu económico ao longo dos séculos XVIII e XIX, principalmente como entreposto negreiro e construtor naval de barcos para o tráfico esclavagista. Em 09 de Maio de 1761 é elevada a vila e uma década mais tarde é descrita por João Baptista Montaury como: “…aqui encontram-se cerca de vinte residentes europeus, ricos e bem estabelecidos, sem contra com alguns indianos vindos de Goa e os mulatos naturais da região. As casas estão todas cobertas de colmo, isto apesar de serem bastante grandes… As paredes são de barro e os telhados encontram-se apoiados em armações de cana de um tom amarelado… O mobiliário existente nestas casas é rico e luxuoso. A cidade não obedece a nenhum plano urbanístico e por isso não possui ruas, assemelhando-se mais a uma mistura de quintas e casas que a uma cidade como deve de ser. À sua volta vamos encontrar uma série de pequenas aldeias de cafres…”. Com o findar da política dos prazos e da escravatura e do seu respectivo tráfico internacional, Quelimane perdeu o seu estatuto político e económico, pelo que a sua decadência tornou-se irreversível, também tendo contribuído para isso a ascensão da Beira como factor de motor do desenvolvimento económico do centro moçambicano. A 21 de Agosto de 1941 foi elevada a cidade.
 
Nota: Esta ficha de Quelimane já havia sido publicada em 22/04/2012. No entanto, por a ter completado mais um pouco, reproduz-se de novo.
 
Questão da barca “Charles et Georges” – Barca negreira francesa, apresada pelas autoridades portuguesas, em 20 de Novembro de 1857, na baía da Condúcia, na zona do Xecado de Quitangonha*, sendo o Xeque* de nome Ali Herri, quando levava, em regime de escravatura, cento e dez negros de ambos os sexos. Condenado pelo Tribunal da Comarca da ilha de Moçambique*, a dois anos de trabalhos forçados, o Capitão do dito navio, Mathurin Rouxel, interpôs recurso para o Tribunal da Relação, em Lisboa pois alegava, entre outras coisas, que eles (os negros encontrados a bordo) não eram escravos mas sim trabalhadores livremente contratados (libres engagés), bem como o seu navio fora apresado em águas fora da jurisdição portuguesa e que a bordo levava um delegado do governo francês, que tinha por função examinar, de forma devida, como os referidos trabalhadores eram contratados, de modo a evitar-se o recrutamento tipo esclavagista. Enquanto o processo corria os seus trâmites no Tribunal da Relação, agora em Lisboa, estalou um incidente diplomático entre os dois países - França e Portugal - quando o governo francês recusou-se a aceitar a sentença judicial, sobre o apresamento do navio e consequente condenação do seu comandante Rouxel, chegando a ameaçar com o bombardeamento da cidade de Lisboa e apresentando um ultimato, a 02 de Outubro de 1858. Para esse efeito entraram, ardilosamente, no porto desta cidade duas naus francesas ("Austerlitz" e "Donawerth"). Não tendo meios para combater esta ameaça francesa, Portugal, apela para uma mediação internacional do conflito, que a França acaba por recusar. Com o impasse criado, Portugal acabou por ceder à chantagem francesa e, não só entregou a barca apresada àqueles navios que a escoltaram para fora das águas portuguesas, como também soltou o capitão Rouxel e ainda pagou uma indemnização financeira à França, ordenada por este País, pelos prejuízos que consideraram terem sofrido.
 
Roberto Ivens - (Ponta Delgada, 12/07/1850 – Dafundo, 28/01/1898) – Oficial da Marinha de Guerra Portuguesa, geógrafo e explorador. Natural da ilha de S. Miguel – Açores, entrou para aquela Arma em 1867 atingindo o posto de Guarda-Marinha em 1870. Depois de ter percorrido Índia, Angola e São Tomé, em 1877, já como Primeiro-Tenente, integra uma expedição para efectuar reconhecimentos geográficos em Angola, na companhia de Hermenegildo Capelo e Serpa Pinto*, o que na realidade vem a efectuar mas apenas com Hermenegildo Capelo, acabando os dois por publicarem De Benguela às terras de Iaca. Em 1884, novamente com Hermenegildo Capelo atravessou o continente africano ligando, por terra, Angola a Moçambique, tendo chegado a Quelimane* em 21 de Junho de 1885, o que originou posteriormente a publicação do livro De Angola à Contra-Costa, da autoria dos dois exploradores. Foi condecorado com a Torre e Espada.
 
Vitorino Queiroz (? – Massingir, 07/1884) - Capitão do Exército Português que, em 1884, foi colocado com um pequeno destacamento militar, no prazo* de Massingir. Em Julho desse mesmo ano deu-se a revolta de Massingir* e as forças portuguesas foram massacradas pelas gentes do Mataquenha (Paulo Mariano II*), tendo Vitorino Queiroz sido preso e torturado até à morte, após ter sido obrigado a assistir ao esquartejamento dos seus dois filhos menores, posteriormente queimados e canibalizados, ainda vivos. Desta chacina apenas terá escapado um Alferes, de nome Curado, por estar casado com uma filha dum dos chefes revoltosos, tendo vindo a falecer, louco, alguns meses mais tarde.
 
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* - Já aberta ficha
** - A abrir ficha posteriormente
 
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UMA PERSONALIDADE PARA A ETERNIDADE

George Hogg – (Harpenden (Inglaterra),1914/ Shandan, 1945) – Tendo efectuado os seus estudos na St. George School, em 1937 ruma para os Estados Unidos que percorre. Dali, segue para o Japão e depois para a China, no que seria uma curta estadia, mas da qual não regressará à sua Pátria.
 
 
Apanhado pelo decurso a invasão japonesa à China, quando ali se encontrava, apercebe-se da brutalidade com que os invasores reprimem os naturais, pelo que opta por colaborar com os chineses. De parceria com uma enfermeira neozelandesa, Rewi Halley e com um comandante chinês, Nie Rongzhen, ambos comunistas, ajuda a manter um orfanato escolar, onde acolhe 60 crianças familiarmente destroçadas.
 
A fim de evitar que as mesmas fossem incorporadas no regime esclavagista japonês, George Hogg resolve fugir com as crianças para Shandan. Inicia, então, uma violenta caminhada de quase mil quilómetros, tendo apenas como apoios Nie Rongzhen e Rewi Halley. Esta fuga acaba por ter êxito quando finalmente George Hogg e os seus pares atingem os seus objectivos, ao chegarem a Shandan, já longe da influência japonesa. Aluga um templo abandonado e reinicia aí a sua actividade mas, apanhado pelo tétano, acaba por falecer, apesar das tentativas desesperadas dos seus alunos de irem buscar o soro salvador.
 
A sua odisseia de liderar a longa caminhada de mil quilómetros em busca dum local seguro onde as crianças não sentissem o peso opressor dos japoneses e da guerra que então se travava, foi heróica e, apesar da sua morte tragicamente prematura, fê-lo entrar no panteão dos imortais.  

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LEITURAS EM PROSA

Título: O velho Nilo
Subtítulo: Viagem à nascente
Autor: Stanley Stwart
Editora: Publicações Europa-América Ano: 2000   Págs.: 263    Género: Literatura de viagens
 


O Autor, um homem dos sete instrumentos (agricultor, pescador, escritor, jornalista, camara-men), encontrava-se em Roma quando, ao passar na Piazza Navona viu a representação dos rios Prata, Danúbio, Ganges e Nilo na Fontana dei Quattro Fiumi. A representação do rio Nilo chamou-lhe a atenção: “Sentia-me fascinado pela figura velada, pela imagem sedutora encoberta e expectante. Fui nesse momento invadido pela ideia de percorrer todo o Nilo, desde a foz à nascente…”. E, assim, na recta final do século passado, partindo de Rashid (Egipto), onde o Nilo desagua no Mediterrâneo, Stanley Stwart desceu o continente africano até à zona da nascente nilótica, nas montanhas de Rwenzori (Uganda/Zaire), dando-nos uma narrativa simples, nada cansativa e apaixonante de tudo o que observou, na sua travessia pelo Egipto, Sudão e Uganda.
 
Trata-se dum livro que se lê com bastante agrado e de um só fôlego. Uma leitura recomendável para os apaixonados por memórias de viagens.

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FILME

Título: Bonobo / Beny, o regresso (em português)
Produtor:                            Realizador: Alain Tixler
Actores: Claudine André (ela própria), Fanny Metil (ela própria), Sandrine Bonnaire (voz de Beny)
Ano:  2011    Género: Documentário    Duração: 85 minutos

 
Este filme é um documentário que, baseando-se na história verídica dum bonobo, apelidado de "Beny", se aproveita para nos mostrar a actividade da conservacionista Claudine André na tentativa de salvar os bonobos. "Beny" é um primata que foi capturado por caçadores furtivos que mataram a sua mãe. Depois de vendido em Kinshasa, era exibido num bar nesta cidade, até que acabou resgatado e entregue a Claudine André que conseguiu reintroduzi-lo na vida selvagem.
 
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Claudine André – Conservacionista. Nascida na Bélgica (1946), desde muito jovem, reside no Congo. Em 1994 fundou o “Lola ya Bonobo”, único santuário de bonobos a nível mundial, com o objectivo de preservar esta espécie e reintroduzi-la no seu habitat natural. Pode-se consultar o site oficial da organização em: http://www.lolayabonobo.org.

 
Bonobos – Os bonobos e os chimpanzés são considerados pela ciência, actualmente, os parentes evolutivos mais próximos do ser humano. Até há cerca de quatro milhões de anos havia um antepassado comum entre estes três primatas, altura em que houve uma fractura evolutiva e o Homem evoluiu de um ramo e os chimpanzés e os bonobos doutro. Há cerca de um milhão de anos os bonobos e os chimpanzés separaram-se do tronco comum, provavelmente quando o rio Congo se formou e isolou estratos populacionais destes animais. É assente que o Homem partilha com estes dois primatas 90% do seu ADN. O bonobo é uma espécie endémica do Congo.
 
 
Claudine André e "Beny"
 
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No campo dos estudos dos seus comportamentos, Claudine André está para os bonobos como Jane Goodall (já aqui aflorada ao de leve, anteriormente, aquando da sua visita a Portugal) está para os chimpanzés. São duas mulheres lendárias, dignas do reconhecimento planetário, no geral e africano, no particular.

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Título:  Os filhos de Huang-Shi
Produtor:  Arthur Cohn                          Realizador: Roger Spotiswoo
Actores: Jonathan Rhys-Meyers, Radha Mitchell, Chow Yun-Fat            
Ano: 2008   Género:  Biográfico   Duração: 114 minutos
 


Este filme relata a vida e a odisseia de George Hogg, sumariamente acima biografado. De realçar a parte final do mesmo onde sobreviventes dessa caminhada de então, partilham as suas memórias e dão testemunho da grandeza que foi este homem. O filme encontra-se traduzido em português e também se pode encontrar com o título “Órfãos de guerra”.

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ESCULTURA

Hirotoshi Itoh, é um escultor japonês. Também conhecido por Jiyuseki, formou-se na Escola das Belas Artes da Universidade de Tóqui, em 1982. Tendo iniciado a sua actividade escultórica com metais, acabou por se fixar em trabalhos de pedras.

 
 


 

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PORQUE SÓ HÁ UM PLANETA

Amazónia selvagem

 

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