"O Mundo não é uma herança dos nossos pais, mas um empréstimo que pedimos aos nossos filhos" (Autor desconhecido)

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Heinrich Barth


VIAJANTES, AVENTUREIROS E EXPLORADORES




Heinrich Barth - (Hamburgo, 16/02/1821 - Berlim, 25/11/1865) - Arqueólogo, historiador, geógrafo e explorador da África sub-sahariana. Depois de ter completado os seus estudos universitários em Berlim (1844), onde teve como mestres uma plêiade de professores notáveis, quer nas áreas das matemáticas, filosofia, jurisprudência e ciências geográfico-naturais, e que assentavam os seus ideais nas teses do Iluminismo, efectua uma viagem pela península itálica. Dominava o francês, espanhol, italiano, inglês e árabe.




Muito influenciado pelo  modelo de pesquisa exploratória britânica, desloca-se para Londres onde efectua estudos da língua e civilizações árabes, enquanto planeia uma viagem por terras da bacia mediterrânica. Em 1845 inicia este périplo e, partindo de Tânger,  ruma pela costa norte-africana até atingir o Egipto. Daqui mergulha pelo Nilo abaixo até ao norte sudanês, atingindo o lago núbio onde se localiza Wadi Halfa. Estreia-se a sério nas travessias desérticas até atingir a portuária cidade ptolomaica de Berenice, no Mar Vermelho. No  caminho foi assaltado, espancado e ferido por ladroagem. Mas, de rija têmpera, sobreviveu.


Cruza a península desértica do Sinai e prossegue a sua jornada, visitando a Síria, a Turquia e a Grécia até que, dois anos após a sua partida, retorna a Berlim. Nesta viagem, como nas subsequentes que virá a realizar, teve o cuidado de estudar, nas suas diversas formas, os costumes dos povos com que se cruzou, tudo anotando para um futuro livro.


Estando a Alemanha (1)  interessada em possuir colónias africanas (e não só mas também noutras zonas planetárias) começa a desenvolver interesses em expedições a este continente. Assim, e também ao serviço da causa alemã, em 1850 Heinrich Barth integra o triúnviro duma expedição liderada por James Richardson  e completada por Adolf Overweg. Partindo de Tripoli, em Maio de 1850 atingem Marzuk (sudoeste da actual Líbia, no Sahara Central), onde estacionam. Daqui seguem para Ghates onde Heinrich Barth resolve escalar, solitário, o monte Idinem. No regresso, devido à inclemência do clima desértico, esgota a sua provisão de água. Para sobreviver corta uma veia e vai bebendo o seu próprio nectar sanguíneo até que a sorte dos Deuses o acompanha e acaba recolhido por um tuaregue que o leva de volta ao acampamento.   


Depois de recuperado dirigem-se para Tassili N'Ajjer, no sudoeste da actual Argélia e perto das actuais fronteiras com o Níger e a Líbia, onde Heinrich Barth observa umas pinturas rupestres pré-históricas(2). Deslocam-se para Agadez (actualmente una região da Níger) que desilude os nossos exploradores, pois já tinha perdido o seu esplendor doutrora. Heinrich Barth descreve-a como "uma cidade abandonada" que havia perdido milhares de habitantes. Pelos caminhos do deserto sahariano tiveram, por vezes, que abrir caminho ou a tiro ou a subornos, perante tribos tuaregues hostis. As ameaças de morte aos infiéis a Alá "ao findar do dia" (quando o Sol se pusesse) eram substituídas por prebendas pois, mais que o ferver religioso, o que fazia mover aquelas gentes de instintos básicos eram as ofertas. Os bens materiais superavam os bens espirituais. Estes apenas serviam para justificar o esportulamento daqueles.

O triúnviro de exploradores separa-se em Agadez, seguindo James Richardson directamente para o lago Chade e os dois companheiros alemães prosseguem a sua viagem para explorarem outras rotas lacustres. Acertam a cidade de Kukawa, no Reino de Bornu (actual Nigéria) para se voltarem a reunir. Aqui vem a morrer James Richerdson poucas semanas antes de Heinrich Barth chegar. Após quinze meses a pesquisarem o lago Chade, Adolf Overweg também virá a falecer, de malária.



Mapa do percurso de Heinrich Barth



Sozinho, Heinrich Barth prossegue a jornada. Depois de ter percorrido o lago Chade e o Sultanato de Barguimi (que se integra na actual República do Chade), flecte para Oeste e é o primeiro europeu a atingir a região de Adamawa  (que hoje em dia se espartilha entre os Camarões e a Nigéria). Em Novembro de 1852 abandona Bornu, decidido a ir até Tombuctu, apesar dos vários problemas que ia tendo durante a sua odisseia derivadas de doenças (desinteria, febres, malária), ou por sede e sub-nutrição, ou por ser constantemente alvo de ataques dos locais por onde passava, pois um branco solitário era uma presa apetecida.


Entra na já não mítica Tombuctu em Setembro de 1853, então liderada pelo Sultão Elk-Bakay. Vinte e cinco anos depois de René  Caillé (já aqui biografado) esta cidade também a ele provocará desilusões, onde sentir-se-á em perigo constante e será, também aí, esportulado dos seus haveres onde, para se salvar, relatará: "Na manhã do dia 08 de Setembro, a primeira notícia que ouvi foi que Hammadi, o rival e inimigo de El Bakay, tinha informado o fulbe ou fullan de que um cristão tinha entrado na cidade e que, em consequência disso,  tinham tomado a decisão de o matar. Porém estes rumores não me provocaram grande alarme, pois tinha a falsa esperança de que poderia confiar na pessoa que, por enquanto, tinha chamado a si a tarefa de me proteger, mas a minha sensação de segurança foi rapidamente destruída, pois este homem tornou-se no meu maior carrasco. Eu tinha destinado para ele um presente muito bonito.........". Mas o sultão não se sentiu satisfeito com as ofertas que se compunham de vestuários, dinheiro e uma pistola com munições pelo que:"... enquanto me impunha esta pesada contribuição e para retirar o carácter vexatório ao seu acto, o meu anfitrião declarou que como a casa deles e todo o estabelecimento deles estavam à minha disposição, a minha propriedade devia de estar à disposição deles." Pelo que, depois de se ter sentido saqueado, desabafou: "Assim se passou o meu primeiro dia em Tombuctu, a preparar-me para muitos problemas e ansiedades que teria que suporertar. Até mesmo daqueles que se afirmavam meus amigos e me tratavam com tão pouca consideração." Realmente há casos que nunca mudam, que param no tempo, ou então tendem a agravar-se, ficando-se com a impressão que a evolução humana parou naquelas zonas. Como ainda hoje ali acontece, Tombuctu parece (infelizmente) uma cidade irreversivelmente perdida (3).


Casa onde residiu Heinrich Barth em Tombuctu
(foto de 1908)

Em princípios de 1854 abandona a triste Tombuctu e acaba por se cruzar com uma missão europeia que buscava notícias suas e que era liderada por um seu compatriota, Eduard Vogel, que o informa que já era dado como morto, na Europa. Separa-se de Eduard Vogel e decide regressar a Tripoli, em Maio de 1855.


Quando regressa a Tripoli, cinco anos após a sua partida dali, havia percorrido uns vinte mil quilómetros. Para aqueles duros tempos foi obra, muito mais para um europeu solitário. Retorna à Alemanha, via Grã-Bretanha (onde chega em Setembro de 1855) e, em 1858, viaja pela Ásia Menor e, quatro anos mais tarde, vai à Turquia e Grécia, onde sobe ao Monte Olimpo(4), sendo considerado o primeiro europeu a tê-lo conseguido. Em 1863 ingressa como professor de Geografia na Universidade de Berlim, cargo que desempenha até ao seu falecimento, apesar de ser irregular quer no número de aulas quer na remuneração. Foi pouco incompreendido pela sociedade científica de então pois, apesar de o terem eleito para presidir a Sociedade de Geografia Alemã, vetaram o seu nome para entrar na Academia Prussiana das Ciências.


Heinrich Barth foi um explorador excepcional que se diferenciava de muitos outros companheiros europeus de então, pois possuía formação académica superior. Essa formação, que lhe fora moldada pela docência dos magníficos professores que tivera, fizeram-no ter uma visão mais humanista dos povos com que se foi cruzando, denotando um especial cuidado em registar os seus usos e costumes, bem como em desenhar e  tentar preservar artefactos. Como alemão deu o seu contributo para que o seu País se tornasse também numa potência colonial europeia(5).

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Após o seu regresso do périplo africano publicou, entre outros, a monumental obra "Viagens e descobertas na África do Norte e Central", em cinco volumes (da qual desconheço alguma edição em língua portuguesa). O rigor científico histórico, linguístico, antropológico e sociológico, quer dos mapas quer dos gentios com quem se cruzava, fizeram dos seus escritos uma bíblia confiável e, ainda hoje, são um manancial interessante de informações de como se vivia e morria naquelas épocas.



Épocas em que, muitas vezes, o fio curvo do punhal ou a lâmina da cimitarra substituía a malária, ou o veneno do escorpião. Só aos mais sagazes e ousados é que o Destino sorria. Heinrich Barth foi um dos contemplados com este sorriso. Mas não na sua Pátria, onde a verdadeira compreensão dos seus feitos tardou a chegar. Só muito depois da sua morte é que a comunidade se apercebeu da mais valia que perdera. Talvez porque "Santos de casa não fazem milagres".






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(1) - Alemanha - O termo Alemanha foi aqui utilizado para simplificar o texto. Na realidade a formação geo-política da actual República Federal Alemã sofreu várias alterações ao longo dos séculos. Resumidamente, tendo-se iniciado nos primórdios do século VIII como Sacro Império Romano-Germânico (que teve como antecessora o Reino da Germânia) durou até princípios do século XIX, no que terá sido considerado como o Primeiro Reich.  Neste século XIX o território sofre várias convulsões. Fruto da actividade napoleónica, que reuniu diversos Estados (16), teve uma incipente Confederação do Reno (1806/1813) passou, depois da derrota napoleónica nas tundras russas, para uma Confederação Germânica (1813/1866); génese da Confederação da Alemanha do Norte (1866/1871). Em 1871 um dos grandes líderes alemães de todos os tempos, o prussiano Otto von Bismark, o Chaceler de Ferro, promove a unificação alemã e dá origem ao II Reich que durará até à derrota germânica no primeiro conflito mundial (1918). No decurso do século XX, a Alemanha verá nascer e morrer o que era para ser o milenário III Reich mas que só durou seis anos (1939/1945), quando o nazismo baqueia no findar da II Guerra Mundial. Por dissenções políticas dos Aliados de então, a Alemanha parte-se em duas (1945) nascendo a República Federal Alemã, de inspiração social-democrata e burguesa e a República Democrática Alemã, de inspiração comunista e totalitária. Com a queda do Muro de Berlim (1989) as duas Alemanhas voltaram a reunir-se, sob o impulso de Helmut Kholl, o Touro da Baviera, situação que se mantém até à presente data.


(2) -  O Parque Arqueológico de Tassili N´Ajjer comporta cerca de 15.000 desenhos de arte rupestre pré-histórica, onde relata a vida humana nas suas diversas vertentes desde 6.000 AC. Considerado um dos mais importantes do Mundo, foi considerado Património da Humanidade em 1982. Quatro anos mais tarde o Planalto de Tassili (onde se engloba o Parque Arqueológico)  ficou com uma área de oito milhões de hectares quando a UNESCO lhe outorgou a classificação de Reserva da Biosfera Planetária.

(3) - A cidade maliana de Tombuctu tem, no seu espólio urbano, as grandes mesquitas de Djingareyber, Sankoré e Sidi Yhaia, para além de diversos cemitérios, mausoléus e um espólio literário que são considerados Património da Humanidade, pela UNESCO. Face à instabilidade política que se regista naquela zona, com focos de rebelião armada e correndo a República do Mali o risco potencial de se cindir, este património tende a correr o risco de se desagregar e desaparecer, por falta de cuidado especiais, atendendo ao tipo de material que foi utilizado na sua construção.


Mesquita de Djingareyber



Post-scriptum - Já depois de publicada esta mensagem acabo de ler, na edição do Público de  01/07/2012, que alguns dos mausoléus de Tombuctu já começaram a ser destruídos por uma das facções muçulmanas mais radicais. E, assim, mais umas peças do Património Mundial, vão desaparecer. Perante a passividade do Mundo, que apenas faz uns comunicados a lamentar tal situação. Alguém ainda se lembra das estátuas de Buda, no  Afeganistão, que também eram Património da Humanidade e que foram destruídas pelos talibãs? Alguém foi responsabilizado? 


(4) - Monte Olimpo - Com 2917 metros de altitude é considerada a mais alta montanha grega. O seu nome é de etimologia desconhecida e a sua fama provém de, na mitologia helénica,  ser a casa dos doze principais deuses - Zeus, Hera, Poseídon, Atena, Ares, Deméter, Apolo, Artemis, Hefesto, Afrodite, Hermes e Dionísio - que aí viviam alimentando-se de ambrósia e bebendo néctares.



(5) -  Após a Conferência de Berlim (1878), que foi considerada como a partilha de África, nasceu a Associação Colonial Alemã (1862), com o fim de estabelecer colonatos germânicos. As colónias alemãs em África foram: Camarões, Togo, Benim, Namíbia (Sudoeste Africano Alemão, antiga Damaralândia), Ruanda e Burundi, Tanganica (parte continental da actual Tanzânia). Com a derrota germânica após a Primeira Guerra Mundial, estes territórios passaram para a administração colonial das potências vencedoras, terminando assim o II Reich germânico.



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James Richardson - (Boston (Inglaterra), 03/11/1809 - Kakawa (Bornu/actual Nigéria), 04/03/1851). Explorador britânico. Em 1845 expediciona de Tripoli para Ghadamés (a actual "Pérola do Sahara" líbio) onde recolhe informações sobre os tuaregues durante cerca de um ano, após o que retorna a Tripoli. Desta experiência passa a livro publicado em 1849 e, no ano seguinte, lidera uma nova expedição sahariana, onde se integram os germânicos Heinrich Barth e Adolf Overweg com destino a Ghadamés e explorar a região chadiana.


James Richardson

Não conseguirá completar a missão pois vem a falecer, doente e solitário, em Kakawa. Da sua lavra foram publicados, postumamente, dois livros: "Viagens em Marrocos" e "Viagem à África Central".

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Adolf Overweg -  (Hamburgo, 24/07/1822 - Lago Chade, 27/09/1852) - Astrónomo e explorador. Integra a expedição de James Richardson à África Central, partindo de Tripoli em 1850 juntamente com o seu compatriota Heinrich Barth. Explora com este o lago Chade, sendo os primeiros europeus a efectuarem tal trabalho. Não completa  missão por falecer vitimado pela malária, perto do lago que explorou.




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Eduard Vogel - (Krefeld (Alemanha) 07/03/1829 - Wara (Reino de Ouaddai, 02/1856) - Astrónomo e explorador. Depois de findar os seus estudos universitários  de botânica e astronomia, acaba a trabalhar em Londres, num observatório astronómico.



A 20 de Fevereiro de 1853 deixa Londres para se juntar à expedição de James Richardson (entretanto falecido) na África Central. Seis meses mais tarde lidera uma caravana que sai de Tripoli e, utilizando as rotas comercais habitualmente utilizadas pelas cáfilas, atinge Kakawa, capital de Bornu, em Janeiro de 1854, a fim de se reunir com Heinrich Barth. Não encontrando este parte a explorar o rio Níger e o seu afluente Benué, rios estes cuja exploração para rentabilização comercial já tinha sido iniciada por Richard Lemon Lander (já biografado) em 1830. Explora ainda a  cordilheira das montanhas Mandara (na actual fronteira Camarões/Nigéria). Retorma a Kakwa em Dezembro de 1854, quando finalmente se cruza com Heinrich Barth.


O relacionamento entre os dois não é o melhor, o mesmo se passando com os restantes membros da expedição, fruto do mau feitio de Eduard Vogel, pelo que se separam. Este interna-se no Emirato de Bauchi (actual Nigéria) e atravessa as montanhas Murri (actual Nigéria) e, no Emirato Gombe arranja conflitos por não respeitar os costumes locais, profanando locais sagrados ao dormir nos mesmos. Retornando a Kukawa, em Dezembro de 1885, dirige-se depois para o Vale do Nilo, onde atinge o Reino sudanês de Ouaddai, a Oeste do lago Chade. Neste Reino a sua falta de tacto diplomático volta a expandir-se ao escalar o Monte Treia, que era um monte sagrado e cujo acesso estava interdito a todos, muito mais a estranhos.  No regresso dessa escalada e quando se preparava para regressar a Tripoli acabou violentamente assassinado a barras de ferro, em Wara, capital do Reino Ouaddai e a mando do Sultão local, segundo testemunhos colhidos pelo explorador Gustav Nachtigal quando por ali passou em 1874.

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HISTORIANDO MOÇAMBIQUE COLONIAL





Estado Secundário da Gorongosa - Era uma extensa área territorial, com mais de trinta mil quilómeros quadrados, fundado por Manuel António de Sousa*. Criado por desmembramento do Reino do Quiteve*, este prazo* fazia fronteira com o Reino do Barué* e tinha a sua aringa* principal alcandorada no alto da serra da Gorongosa. Integrada neste prazo situava-se a vila Gouveia, no sopé da serra, assim chamada em homenagem ao nome de guerra de Manuel António de Sousa e que era a sede provisória do Distrito de Manica, criado no penúltimo decénio do século XIX. Governado com pulso de ferro, em puro estilo feudal era potencialmente poderoso e auto-suficiente, quer em madeiras quer em produtos agrícolas.

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Parque Nacional da Gorongosa - Um dos mais famosos parques de caça do continente africano, foi criado em 02 de Março de 1921, na região da Gorongosa, com a finalidade de preservar a rica fauna e flora moçambicanas, através da Ordem nº 4.178 da Companhia de Moçambique, que superintendia o Território de Manica e Sofala, pelo punho do seu Governador João Pery de Lind.


Tendo uma área de reserva inicial de mil quilómetros quadrados aproximados, o Parque viu a sua área ser ampliada para cerca de três mil e duzentos quilómetros quadrados, em 1935, através da publicação do Decreto nº 26.076, ficando os seus limites fixados; a Norte, pelo rio Inhandué, até à confluência com o rio Macombézi; a Este, pelos rios Macombézi e Urema, até à sua confluência com o rio Pungoé, que também o limitava a Sul e, a Oeste, era limitado pela estrada de Mutiambamba até Vila Paiva de Andrade e, daqui, para Maringué, até ao local do seu cruzamento com o rio Inhamdué.




Situado numa belíssima região, podiam-se encontrar no Parque enormes manadas herbívoras de zebras, bois-cavalos, impalas, elandes, palapalas, cudos, búfalos e elefantes entre outras. A completar a fauna encontravam-se, também nas planícies, javalis, leões, leopardos, raposas e cães do mato, entre outros animais, para além duma enorme variedade de espécies de aves. Na lagoa dos hipopótamos, situada no rio Urema, centenas destes animais emparceiravam com crocodilos. A lagoa de Inhatilde, em plena floresta, era um enorme bebedouro colectivo dos animais do Parque.


A nível de flora o Parque demonstrava toda a sua exuberância, alternando os prados com as florestas, ricas em água que corriam pelos acidentes do terreno. Procurado por personalidades famosas de todo o mundo, desde políticos a actores, passando por astronautas e banqueiros, o Parque Nacional da Gorongosa  cumpriu, no pleno, a sua dupla função de captar fontes de divisas para o território e, tão ou mais importante, de preservar a fauna e flora do território demonstrando, com décadas de antecedência, que a preservação do meio ambiente e o equilíbrio ecológico, para além da saúde planetária também podia ser uma fonte de rendimentos.




Após a independência e com o eclodir da guerra civil, que alastrou por todo o País, o Parque não escapou aos horrores da guerra e toda a sua fauna foi praticamente liquidada. Com a chegada da paz o Parque começou a sua lenta recuperação e está, de novo, a atingir os exigentes parâmetros de alta qualidade, graças a apoios internacionais, destacando-se entre estes o do multi-milionário norte-americano Gregory Carr, através da sua Fundação e do sul-africano Krueger National Park.



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Sobre esta espantosa recuperação recomendo o visionamento do vídeo produzido pela National Geographic Television em 2010 e subordinada ao título "Gorongosa - um paraíso perdido em África", que são cinquenta minutos mágicos que nos impedem de tirar os olhos do écrã e já por mim aconselhado anteriormente.


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Sobre este Parque lembrei-me dum êxito interpretado pelo Conjunto Oliveira Muge que, em finais da década de 60 ou princípios de 70 (já não recordo com precisão a data), lançou um tema com o título "Gorongosa" e onde se cantava a beleza daquele Parque. Pesquisado no Youtube (bendita tecnologia) relembremos, de seguida, esse tema agora com uma roupagem mais moderna. Mas o cerne quer da música quer da letra estão aí, inalterados.








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João Pery de Lind - (Lisboa, 01/11/1861- Lisboa, 10/04/1930) - Administrador colonial. Filho do general Augusto Pery de Lind, fez os seus estudos no Colégio Militar. Em 1900, sendo funcionário das Alfândegas, foi contratado pela Companhia de Moçambique* com a finalidade de reorganizar os serviços aduaneiros no Território de Manica e Sofala. Uma década depois torna-se Governador interino desta Companhia, tomando posse definitiva em 1911, cargo que manteve ininterruptamente até 07 de Julho de 1921. Foi da sua lavra que saiu a Ordem nº 4.178, de 02.03.1921 que criou uma reserva fa Gorongosa. Detentore de diversas condecorações, foi em sua homenagem que se deu o nome de Vila Pery à localidade de Chimoio.




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Hinterland - Termo alemão para referir o interior de um  determinado território, afastado do litoral e dos grandes centros de desenvolvimento.


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Homem de chapéu - Interpretação extensiva a qualquer indivíduo, menos aos de raça negra, que se europeizava, adoptando a língua portuguesa e usando vestuário tipo europeu, derivando daqui o chapéu.


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Homem grande - Pessoa que adquiriu forte prestígio no seio da comunidade.



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Mulala - Raiz de mangal, utilizada na higiene oral.


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Mujojo - Negreiro arabizado do Índico.


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Munhal - Guerreiro pertencente às forças do Monomotapa.



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Mussaça - Abrigo provisório aberto em três lados.



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Padrão de descobrimento - Era um marco de madeira, nos primórdios das navegações marítimas e de pedra, posteriormente, em forma de coluna cilíndrica (fuste) encimada por um paralelipípedo (capitel) sobre o qual se sobrepunha uma cruz religiosa, podendo atingir vários metros de altura total, e que os navegadores portugueses, à medida que iam descobrindo novos territórios, colocavam nalguns pontos litorais para assinalarem, não só a sua passagem por ali, mas também para marcarem a posse territorial da zona para a Coroa Portuguesa.




O primeiro padrão a ser colocado na costa da África Austral foi opadrão de São Filipe, por ordem de Bartolomau Dias, na sua torna-viagem ao Reino, depois de ter descoberto o cabo das Tormentas (depois renomeado cabo da Boa Esperança). O primeiro padrão a ser erigido na costa oriental africana foi mandado coloocar por Vasco da Gama* na sua primeira viagem marítima para a Índia em 1489, no território da actual África do Sul, na Aguada de São Braz, mais tarde rebaptizada de Mossel Bay e posteriormente de Dias Bay (em homenagem a Bartolomeu Dias).


O segundo padrão a ser mandado colocar na costa oriental africana foi o de São Rafael, em Fevereiro de 1498, na continuação dessa mesma viagem para a Índia, na foz do rio dos Bons Sinais, em Quelimane: "...e aqui pusemos um padrão ao qual puseram o nome de "Padrão de São Rafael e isto..." segundo Álvaro Velho* nos descreve. O padrão seguinte foi erigido, nessa mesma viagem, numa ilhota fronteira à ilha de Moçambique , em Março seguinte e em honra a São Jorge, ficando essa dita ilhota baptizada também com o nome deste santo católico.



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Regulado do Namarral - Este regulado terá sido criado por volta de 1865, quando cerca de dez mil macuas-lomués partiram dos montes Namúli, fugindo das incursões angunes. Os namarrais estabeleceram-se na área de Itoculo, desertificada por acção dos esclavagistas. Tornando-se, por sua vez, esclavagistas, no início do último quartel do século XIX, assaltavam caravanas e exigiam tributos de passagem pelas suas terras. No biénio 1887/88 forças portuguesas não conseguem levá-los de vencida. Mouzinho de Albuquerque** desencadeia a Campanha dos Namarrais**, com relativo sucesso mas, na primeira década do século XX o régulo Nacavala, insurge-se contra o domínio português, resistência essa que perdurou até à sua derrota em meados de 1912.


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* - Já aberta ficha.
** - A abrir ficha



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LEITURAS


Nuno Roque da Silveira - (Chibia (Angola), 1940) - Filho dum militar com alguma participação nos sectores da oposição ao regime de então, que lhe valeu a deportação quer por terras açoreanas quer por terras moçambicanas, Nuno Roque da Siveira acaba por ter que efectuar os seus estudos secundários e universitários quer na metrópole quer em Lourenço Marques. Tendo singrado na carreira da Administração Pública, da qual se encontra reformado, acabou por passar à escrita as suas vivências coloniais, quer como militar ao ter combatido em Angola no decurso da guerra independentista (1961/1974), quer como civil.



Nuno R. Silveira

E é assim que nasce, da pena deste Autor com quem  tenho o grato prazer de compartilhar a amizade, o livro "Um outro lado da guerra" (Edições Colibri, Lisboa, 2007, 349 págs.), que retrata o seu dia a dia de combatente integrado num Batalhão de Caçadores. Posteriormente, e enquanto estava a escrever o segundo volume desde memorial militar (que ainda não veio a lume), publicou "Lourenço Marques: acerto de contas com o passado" (Edições Colibri, Lisboa, 2011, 413 págs.). Presentemente, para além de estar a finalizar o seu segundo volume das memórias militares, efectua um trabalho de antropologia comercial sobre a Feira da Ladra de Lisboa.




Para que a nossa memória colectiva não se perca, homens como Nuno Roque da Silveira fazem-nos falta. Como pão para a boca.

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Laurens van der Post - (Phillipolis (Estado Livre do Orange), 13/12/1906 - Londres, 16/12/1996) - Foi um homem multifacetado, tendo sido escritor, antropologista, jornalista, agricultor, explorador, filósofo e conselheiro político, entre os vários misteres que  exerceu. Mas notabilizou-se como escritor e antropologista. Filho de africânderes, descendente de holandeses e alemães, teve familiares que combateram contra os britânicos na Segunda Guerra Anglo-Bóer.



Laurens van der Post

Em 1925 inicia a sua carreira de jornalista e combatente do apartheid, o que lhe traz alguns dissabores políticos. Depois de ter viajado até Grã-Bretanha retorna à África do Sul voltando a agitar panfletariamente as hostes defensoras do apartheid, então em meteórica ascensão, ao escrever um artigo subordinado ao título "O melting pot sul-africano".



Voluntaria-se no Exército Britânico no decurso da II Guerra Mundial e combate na Etiópia e depois na Indonésia, acabando feito prisioneiro dos japoneses. Libertado após o findar da guerra fica-se pela Indonésia em estreita colaboração entre o Exército Britânico e as forças nacionalistas javanesas, até 1947, ano em que regressa à África do Sul. Com a nova vitória eleitoral dos defensores do apartheid volta para a Grã-Bretanha e acaba contratado (1949) para efectuar um estudo económico sobre a rentabilização pecuária no Niassalândia (actual Malawi). No ano seguinte efectua idêntica missão mas para a Bechuanalândia (actual Botsuana) e deserto do Calaári. Em meados desta década é contratado pela BBC para ir em busca dos bosquímanos, fazendo uma série de seis episódios.



A defesa que Laurens van der Post faz dos bosquímanos irá influenciar a sua vida e dar-lhe novos rumos. Contribui, ainda no mandato britânico, para a criação duma área própria para este povo. O resto da sua longa vida, então já mundialmente consagrado, leva-o a privar e aconselhar com membros da família real britânica, continuando a publicar romances e, em 1996, envolve-se numa luta política para evitar a deslocalização dos bosquímanes da área que para eles fora criada no Botswana.




Laurens van der Post com um bosquímane



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Laurens van der Post escreveu inúmeros livros, maioritariamente romances e, em muitos deles, com laivos auto-biográficos. Em língua portuguesa possuo "O mundo perdido do Calaári"  (Edição Livros do Brasil, Lisboa, sem data de edição, 262 págs.) que é uma tradução do que publicou em 1958, com base na série televisiva que efectuou para a BBC nesse mesmo ano.






Trata-se do retrato  vivo dum povo já então em acentuada via de extinção, talvez o último que ainda vivia na plena liberdade dos seus cultos ancestrais, em toda a sua rudeza(1). Nele relata-nos ao pormenor as crenças, os hábitos, os rituais deste povo, remetendo-nos para as teses do "bom selvagem" de Jean-Jacques Rousseau. O livro torna-se quase que num testamento ou num memorial a um povo do qual se tem a noção que vai ser irreversivelmente cilindrado pelo rolo compressor dum novo mundo, que não se compadece com nostalgias inimigas da evolução.     




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Lembro-me de, nos anos 70, ter visto um  filme de realização sul-africana que estava traduzido para "Os deuses devem estar loucos" e que se tratava duma comédia romântica, com aventuras, revolucionários e bosquímanos tudo à mistura. O filme teve tanto êxito que, mais tarde, fizeram a continuação - Parte 2 - mas esta já muito mais fraca e que não passou simplesmente de chover no molhado.



De qualquer modo o filme original aborda um tema interessante. Nos primeiros 15 minutos do mesmo está centrado o  cerne da questão e que gira em torno duma família bosquímane que vive no Calaári em paz e em  harmonia com os Deuses. Certo dia o território é sobrevoado por uma avioneta e o piloto deita fora uma garrafa de Coca-Cola, depois de ter ingerido o conteúdo e essa garrafa acaba por  cair no seio da aldeia bosquímane.



Assim, a posse da dita garrada torna-se um problema grave na estrutura bosquímane pois, até ali, não existia o conceito de posse individual, de propriedade privada. As desinteligências começam a surgir até que se decidem em deitar a garrafa fora. Para tal  um dos membros do clã vai com a garrafa em busca do fim do mundo para lançar a  garrafa fora e, assim, a paz voltar ao seu clã.



E são as peripécias desta caminhada do bosquímane que se vai cruzar com o mundo moderno, onde surgem golpes de estado, revolucionários em fuga, um fiscal de caça e uma jornalista que acabam por se apaixonar, um jeep Land-Rover que tem horas que não quer obedecer ao condutor (o anti-Cristo), enfim, toda uma série de aventuras mais ou menos cómicas que nos predispõem bem, durante cerca de uma hora e cinquenta minutos.



Pesquisado no Youtube logrou-se localizar este filme, mas dobrado em português. Por norma, não gosto de dobragens, mas é o que  se arranjou e, como diz o ditado: " A cavalo dado não se olha o dente". Por isso, e porque ver uma comédia romântica também nunca fez mal a ninguém, aqui fica o filme da cinematografia sul-africana em causa.






Filme: "Os deuses devem estar loucos" (Parte 1)



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(1) - Talvez, em simultâneo com os bosquímanes, os pigmeus do Baixo Congo ainda vivessem alguns grupos na floresta em plena e total liberdade. Em 1956 (portanto mais ou menos nesta altura) Fernando Laidley esteve com estes pigmeus e disse-me que, nesse tempo, ainda viviam em plena liberdade mas que não iriam durar muito. Ofereceram-lhe, na altura, uma aljava com cinco flechas (uma delas envenenada) e duas machadinhas genuinas (daquelas que não são para turista ver e comprar) e que, posteriormente, este aventureiro me ofereceu. Mantenho essas peças religiosamente guardadas, não só como lembrança do amigo que mas ofereceu como também como lembrança dum povo que, desadaptado aos novos ventos da História da Humanidade, não acompanhou a evolução do Mundo a acabou destruído.


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POESIA


Ovídio de Sousa Martins - (Mindelo, 17/08/1928 - Mindelo, 29/04/1999) - Poeta, contista e activista político. Frequentou a Faculdade de Direito em Lisboa, depois de completados os estudos secundários em Cabo Verde.

Ovídio Martins


Militante pela independência caboverdeana desde a primeira hora, acaba nas mãos da PIDE e sofre torturas que lhe agravam a surdez que já se vinha a acentuar. Da tentativa de o calarem, enquanto poeta e amante da Liberdade, dirá:

O único impossível

Modaças a um poeta?
Loucura!
E porque não
fechar na mão uma estrela
o Universo num dedal?
Era mais fácil
engolir o mar
extinguir o brilho aos astros

Mordaças a um poeta?
Absurdo!
E porque não
parar o vento
travar todo o movimento?
Era mais fácil deslocar montanhas com uma flor
desviar cursos de água com um sorriso.


Mordaças a um poeta?
Não me façam rir...
Experimentem primeiro
Deixar de respirar
ou rimar... mordaças
com Liberdade.


Exila-se na Holanda e torna-se jornalista. Após a independência de Cabo Verde fixa-se no seu País. O poema que mais o catapultou para a fama foi, sem dúvida, "Os flagelados do vento leste", publicado em 1962. Para além da publicação de livros de poesia, como "Caminhada" (Lisboa, 1962), "Titchinha" (Sá da Bandeira, 1962) e "Gritarei, berrarei, matarei / Não vou para Pasárgada" (Amesterdão, 1973) a sua poesia está inserida em diversas antologias. A sua paixão por Cabo Verde suplanta tudo e todos, inclusive os seus amores.

Adiado o tempo para amar


Desculpa meu amor
não há tempo para o amor.
Quando melhor arfar o mar
e o céu for mais azul
a lua menos leviana


Desculpa meu amor
´inda é cedo para o amor
Quando fenderem oa ares
os pássaros da liberdade

Desculpa meu amor
teremos em breve o nosso amor
Quando soluçarem os tambores
na Mãe-Terra distante
quando endoidecerem tinindo
os sinos todos de Cabo Verde.

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Sobre o seu poema mais famoso, acima referido como sendo "Os flagelados do vento leste" este foi excepcionalmente musicado e interpretado pelo cantautor Fausto. Não tendo conseguido captar no Youtube o vídeo de Fausto reproduz-se, de seguida, essa mesma versão interpretada por Né Ladeiras.




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PORQUE SÓ HÁ UM PLANETA



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Para quem veja este vídeo convém esclarecer que os animais selvagens são os bípedes que usam roupas e, infelizmente, têm uma forma física parecida comigo, por exemplo. Mas as parecenças acabam aí. Razão desta minha declaração de interesses.




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ACONTECEU


BPN - Leio no "Negócios on line" que o Estado assumiu as dívidas de Duarte Lima e de Victor Baía. As do ex-deputado (e grande amigo do nosso Honestísimo e Venerando Chefe de Estado) ascendem a 44 milhões de euros e reporta-se a um financiamento concedido a Duarte Lima com base em valores de terrenos em Oeiras (note-se, a Oeiras do inefável Isaltino Morais) que ele deu como garantia, terrenos esses que foram muito sobrevalorizados. Agora apurou-se que valem muito pouco e é o Estado (ou seja eu e os restantes parvos que ainda pagam impostos) que vão ter que arcar com os custos de mais esta megafraude.



Já estou mais que farto da associação de malfeitores dos amigos do nosso (mais vosso que meu) Presidente desta desgraçada República em que vivemos.



A do ex-guarda-redes Victor Baía, que eu sempre admirei como desportista (e continuo a admirar como desportista) atingem o valor de 4 milhões de euros e reportam-se a dívidas de duas empresas que ele detinha.



Só que há algo que eu não entendo: eu paguei sempre as minhas dívidas. Porque carga de água eu tenho que andar a pagar créditos bancários mal parados, concedidos pelos aldrabões do BPN aos seus amigos, com base em esquemas fraudulentos? Porque não lhes congelam as contas bancárias, mesmo aquelas que eles passaram para familiares antes da bernarda estoirar? E congelar as contas não só aos devedores como também aos funcionários do BPN que assinaram os documentos que valorizavam os terrenos e também aos que assinaram as autorizações do empréstino e partilharam desta fraude.



O líder executivo desta pandilha (o cavalheiro Oliveira e Costa, outro grande amigo do nosso Venerando Chefe de Estado) separou-se judicialmente da esposa pouco antes de ter sido preso passando para ela inúmeros bens. Foi mais uma tentativa. Só que os mesmos acabaram por ficar congelados à ordem dum Tribunal Cível de Lisboa até ver onde param as modas.


Infelizmente vamos ter que conviver com as histórias do BPN. Não só com as histórias mas, com o que é  mais grave, com a dívida que se calcula acima dos cinco mil milhões de euros. Nós e os nossos filhos e, muito provavelmente, os nossos netos. Se lhes juntarmos as PPP´s (desde hospitais a auto-estradas), as dívidas das autarquias, da RA da Madeira, os Institutos Públicos, entre muitos outros tachos, não temos grandes hipóteses dum futuro decente.    


Placidamente Dias Loureiro anda por Cabo Verde a tratar dos seus negócios, depois de ter mentido no Parlamento. Eu não tenho dinheiro para ir lá passar férias. Placidamente Oliveira e Costa foi para casa com pulseira electrónica pois, coitado, estava doente e era uma questão de humanitarismo. Mas ele quando aplicou a golpada que ajudou a afundar financeiramente este País não teve humanitarismo nenhum. Placidamente Duarte Lima continua preso. Mas, interessante, só foi preso depois das autoridades brasileiras terem emitido um mandado de captura interncional por suspeita de homicídio, num outro processo. Placidamente Isaltino Morais governa Oeiras, fumando os seus charutos. De recurso em recurso até à prescrição total?


Placidamente o nosso Venerando Chefe de Estado mantém-se esfíngico no Palácio de Belém. Qual Pilatos dos tempos actuais lavou as mãos de tudo. Depois de ter lucrado com a venda de acções da SLN, a detentora do BPN. E que foram 147.500 euros, ele e 209.400 euros, a filha; tudo na mesma altura. Antes do colapso do banco, note-se. E onde pontificavam os seus amigos Dias Loureiro e Oliveira e Costa. Cansa, Exmº Senhor Presidente. É que à mulher de César não basta ser séria. É preciso parecer também.



Por isso terá que ser o o Exmº Sr. Presidente  a ter que nascer duas vezes para ser tão honesto quanto eu. Mas até lá vou ter que andar a pagar as fraudes dos amigos presidenciais. Eu e os outros parvos que ainda pagam impostos. Enquanto Vossa Senhoria, cuja reforma quase que não lhe dá para as despesas (coitado), vai mexendo nas suas parcas(?) economias.



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Seja amigo do ambiente. Use o texto do Novo Acordo Ortográfico como papel higienico.


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As referências aos produtos acima referidos (livros, filmes, músicas, etc.) são incompatíveis com intuitos publicitários de índole comercial. Reflectem, apenas, a opinião do Autor.


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Todas as fotos do presente texto foram colhidas do Google Imagens e os vídeos do Youtube.



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E agora... hambanine.




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segunda-feira, 25 de junho de 2012

PCCF


Em Memória


P.C.C.F.

(RIP)
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"Acorda, meu filho, acorda
Que esse dormir não é teu;
É como o sono da morte
O sono que a ti desceu.

Tarda-me já um sorriso
Nos teus lábios de rubim
Acorda, meu filho, acorda
Sorri-te ledo p´ ra mim."

...........................................*
(*Soares de Passos / O filho morto)


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Post Scriptum - PCCF: Os teus amigos não se esqueceram de ti. Um ano após teres continuado a viagem pela Estrada do Tempo eles, solidários, mandaram-me uma mensagem. Por isso, para eles, a minha sincera homenagem.





Theriomorphic - "A final jounay"
(do álbum: The Beast Brigade)


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domingo, 24 de junho de 2012

Hugh Clapperton


VIAJANTES, AVENTUREIROS E EXPLORADORES


 
Hugh Clapperton - (Annan (Escócia), 18/05/1788 - Sokoto (actual Nigéria), 13/04/1827) - Oficial da Marinha Britânica e explorador da África Ocidental. Filho dum cirurgião escocês que lhe deu vinte e um irmãos, ingressou na Marinha Britânica, tendo prestado serviço quer no Oceano Índico quer no Canadá. No Índico combateu as forças napoleónicas tendo-se distinguido na tomada de Port Louis (Novembro de 1910), capital mauriciana. No Canadá (1814/1817) conviveu e viveu com os índios huron.  

 
Hugh Clapperton



Em 1820 encontra-se em Edimburgo, quando trava conhecimento com um colega de seu pai, o cirurgião naval e explorador Walter Oudney que, dois anos mais tarde vai liderar uma expedição ao Reino de Bornu, com a finalidade de abrir uma rota comercial entre aquele Reino e outros da África Ocidental e o Mediterrâneo. Hugh Clapperton integra esta expedição cujo trio é completado, mais tarde, com o Major Dixon Denham, do Exército Britânico, que os vai encontrar na cidade oásis de Murzuk, no Sul da actual Líbia, em Novembro de 1822. Em boa hora Dixon Denham ali chegou pois os dois exploradores estavam num estado completamente miserabilista, por doenças.

 
O Reino de Bornu situava-se na África sub-sariana, cujas rotas apenas eram dominadas pelos caravaneiros árabes e escapava ao conhecimento geográfico europeu. O Reino, que fora fundado no século XIV, localizava-se no Norte da actual Nigéria, na intersecção dos actuais estados do Níger, Nigéria e Chade; abanava neste século XIX nas suas estruturas e acabaria por ruir, de vez, no findar deste mesmo século.  

 
O Reino de Bornu em meados do século XVIII

A expedição parte de Tripoli, no início de 1822 mas, em Murzuk, surgem as desavenças entre Hugh Clapperton e Dixon Denham, com este a acusar aquele de práticas sodomitas com os seus criados. Apesar de tudo a expedição vai seguindo o seu percurso e, volvido um ano da data da partida de Tripoli, a 04 de Fevereiro de 1823, o trio descobre o lago Chade, tendo sido os primeiros europeus a conseguirem tal feito, bem como o terem cruzado o deserto do Sahara no sentido Norte-Sul. Tinham demorado um ano.


Nesta área lacustre o grupo separa-se. Dixon Denham vai explorar o lado Este e Sul do lago Chade, enquanto  Hugh Clapperton e Walter Oudney dirigem-se para Oeste em direcção ao Reino de Bornu, que atingem e sendo bem recebidos pelos governantes locais. Ficam neste Reino e, em Dezembro de 1823, a dupla de exploradores resolve partir para o Reino dos Haussas, para atingirem a famosa cidade de Kano e explorarem o rio Níger.


Nessa etapa Walter Oudney morre, doente, e Hugh Clapperton continua a viagem sozinho, atingindo Kano, em 20 de Janeiro de 1824, que o desilude. Da sua chegada a Kano escreverá: "Às onze horas entrámos em Kano, o grande empório do reino de Haussa, mas ainda mal tinha passado as portas quando me senti amargamente desapontado; pois devido à descrição florescente que me tinha sido feita pelos árabes esperava ver uma cidade de uma grandiosidade surpreendente. Encontrei, pelo contrário, as casas a quase quatrocentos metros das muralhas e em muitas zonas espalhadas em grupos distantes, entre grandes poças de água estagnada. Podia ter poupado todo o trabalho que tinha tido com a minha toilete, pois não houve um único indivíduo que virasse a cabeça para olhar para mim, e todos absortos nas suas vidas, deixaram-me passar sem repararem e sem fazerem quaisquer cometários..."




Kano



De Kano segue a sua viagem exploratória para o Império Fulani, onde tenta atingir Sokoto, a capital deste Reino, mas vê-se impedido de concretizar os seus fins por ordens do Sultão desta cidade. Exausto, resolve retornar e acaba por encontrar Dixon Denham em Kukuva (no norte da actual Nigéria). mas a inimizade entre os dois prevalece e Denham retorna sozinho a Tripoli em Agosto de 1824 e Hugh Clapperton segue depois, atingindo Tripoli em Janeiro de 1825.


De regresso à Grã-Bretanha, nesse mesmo ano de 1825, é organizada outra expedição para atingir o Reino Fulani e entrar em Sokoto (no actual Norte da Nigéria), atendendo a que o Sultão pretendia estabelecer laços comerciais com o sector oeste do seu Reino (oceano Atlântico) e também para se tentar descobrir a nascente do rio Níger. A intenção do Sultão de Sokoto era a de exportar escravos que os europeus comprariam a bom preço para levarem para as Américas. Daí que ele tivesse travado, anteriormente, a jornada de Hugh Clapperton que vinha pelo interior do continente.


Hugh Clappertton segue de barco até ao Golfo da Guiné e desembarca em Badagry (localidade costeira da actual Nigéria) a 07 de Dezembro de 1825. Está acompanhado pelo Doutor Morrinson (médico) pelo Capitão Pearce e pelo seu criado Richard Lemon Lander. Morrinson e  Pearce acabam por falecer face às inclemências climáticas. Hugh Clapperton e Richard Lander prosseguem a sua odisseia e atravessam o Reino Ioruba (Janeiro de 1826) e cruzam o rio Niger, na zona onde o médico explorador Mungo Park falecera ferido e afogado duas décadas antes.



Região de Sokoto

Atinge, em Julho desse mesmo ano, de novo Kano, que tanto o desiludira na viagem anterior e prossegue a viagem para Sokoto, com a intenção de reentrar depois no Reino de Bornu, onde fora bem acolhido na viagem anterior. Mas em Sokoto é retido, de novo, pelo Sultão. As febres, as marchas forçadas, a deficiente alimentação e as águas pútridas que tinha que beber por falta doutra, atiram-no doente para a cama, vindo a falecer, de desinteria, perto de Sokoto.  



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Walter Oudney - (Escócia, 1790 - Katagum (actual Nigéria), 1824) - Explorador do deserto do Sahara. Formado em medicina pela Universidade de Edimburgo, desempenhava o cargo de cirurgião naval, quando foi encarregue de liderar uma expedição que, partindo de Tripoli (actual Líbia) deveria de explorar as rotas para o Reino de Bornu. Integra na sua expedição os exploradores Hugh Clapperton e Dixon Denham e cumpre-a com êxito. Foram os primeiros europeus a cruzarem o deserto sariano de Norte para Sul, a atingirem o lago Chade e a chegarem ao Reino de  Bornu. Não volta á Pátria, pois morre em Janeiro de 1824, vitimado por doenças, numa aldeia perto de Katagum, cidade que fica a norte da actual Nigéria, quando pretendia atingir a cidade de Kano.



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Dixon Denham - (Londres, (01/01/1876 - Serra Leoa, 08/05/1828) - Militar e explorador. Foi um oficial valoroso, que combateu contra as forças napoleónicas, quer na Península Ibérica, quer em França e Bélgica e também na famosa batalha de Waterloo.



Dixon Denham

Em 1822 quando tentava efectuar uma ligação entre Tripoli e Tombuctu recebeu instruções para acompanhar a expedição de Walter Oudney que se dirigia ao Reino de Bornu e estava bloqueada em Murzuk. Atinge este oásis, no Sul da Líbia, e estabelece contactos com os exploradores Walter Oudney e Hugh Clapperton mas em breve ele e Clapperton ficarão de candeias às avessas, quando Dixon o acusa sistematicamente de homossexualismo com criados seus. Escolta-os até ao lago do Chade e aqui separam-se.


Dixon Deham vai explorar a parte Oeste, Leste e Sul do lago enquanto os outros dois exploradores seguem para o Reino de Bornu. Depois de completada a sua missão exploratória do lago e de ter concluído que o mesmo não era fonte abastecedora do rio Níger retorna à Grã Bretanha. Em 1826 é colocado na Serra Leoa, onde acaba por atingir o cargo de Governador daquela colónia. Virá a morrer aí, de febres, dois anos mais tarde.

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Richard Lemon Lander - (Londres, 08/02/1804 - Badagry - 06/02/1834) - Explorador. A primeira vez que se desloca a África é na qualidade de criado e secretário de Hugh Clapperton, quando este realiza a sua segunda e fatídica viagem ao interior da actual Nigéria. Assiste à sua morte, por doença, e enterra-o perto de Sokoto. Desta cerimónia escreverá: "Eu abri um livro de orações e, por entre uma torrente de lágrimas, li o impressionante serviço fúnebre da Igreja de Inglaterra sobre os restos mortais do meu prezado patrão com a bandeira inglesa a baloiçar tristemente sobre ele nesse preciso momento. Nem uma única alma escutou esta cerimónia peculiarmente pertubadora pois os escravos estiveram a discutir uns com os outros durante todo o tempo que durou." Da expedição inicial Richard Lander é o único sobrevivente europeu. Continua na missão de recolha de informações e conhecimentos geográficos do terreno até que resolve retornar à Grã Bretanha no ano seguinte (1828).




Richard Lemon Lander


Dois anos mais tarde, acompanhado dum seu irmão, retorna a Badagry e explora o rio Níger, subindo o mesmo umas duas centenas de quilómetros como também estuda o seu delta e o seu principal afluente, o rio Benué. Regressa à Grã-Bretanha (1831) mas no ano seguinte está de regresso, pela terceira vez ao rio Níger, a soldo de vários empresários britânicos que pretendiam montar uma feitoria na confluência dos rios Níger e Benué.


Mas desta vez a viagem não lhe sorri. Depois de perder pessoal por doenças, entra em confronto armado com tribos hostis. Desses confrontos acaba ferido num deles por bala e, regressado à costa, acaba por morrer gangrenado.



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A mítica imagem que sempre romantizaram do aventureiro que ia para África (ou outros continentes) em busca de emoções, aventuras, caçadas e tesouros perdidos, quase nunca correspondeu à realidade. Todos os aventureiros, dum modo ou doutro pagaram caro as suas ousadias. Quase sempre. Como o exemplo dos quatro que hoje se sumarizou. As suas vidas entrosaram-se uns nos outros. Todos morreram em África. Destes quatro, ninguém regressou à Europa a gozar os proventos. Antes deles Mung Park e Daniel Houghton, já aqui lembrados, também pagaram com a vida a ousadia de terem ousado. Outros houve que sim, que regressaram à Europa. Mas poucos, em relação à legião de aventureiros que para lá partiram. África cobrou sempre caro o esventrarem-na. Pela vegetação, fauna, doenças, climas ou tribos aguerridas, África nunca se rendeu. Pode ter sido vencida mas nunca convencida.


 
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HISTORIANDO MOÇAMBIQUE COLONIAL

 


 

Companhia Colonial - O mesmo que companhia majestática.
Companhia da Zambézia – Companhia majestática cuja área de jurisdição abrangia múltiplos prazos, tais como o de Andone e Anguase, perto de Quelimane, o de Timbué, na foz do Zambeze e o de Massingir, na margem esquerda do rio Chire, bem como também possuía larga jurisdição no Distrito de Tete. Dedicava-se, principalmente, ao cultivo e exploração de palmares, de sisal, algodão e tabaco e à criação de gado bovino de alimento e de trabalho. Explorava, ainda, um serviço fluvial de barcos a vapor e a gasolina, estabelecendo ligações entre o Chinde e Tete, com diversas escalas pelos portos fluviais do rio Zambeze. Com capital maioritariamente de particulares portugueses tinha, no Governo, o seu accionista principal, tendo sido constituída em 1891 com sede em Quelimane.
Companhia de Mazane de Diu – Companhia comercial indiana que se estabeleceu na ilha de Moçambique a partir de 1686, quando o Vice-Rei da Índia concedeu, a partir daquele ano, à Companhia de Mazane de Diu o monopólio do negócio entre os dois territórios. O Mazane era uma entidade comercial que podia ter uma estrutura de carácter individual, familiar ou colectiva e de fortes recursos económicos e financeiros. Intervinha na aquisição e troca de mercadorias, regulava o mercado dos preços, alugava ou comprava os meios de transporte que viesse a ter necessidade, estabelecia contactos e acordos com as outras entidades, nomeadamente portuguesas, contratava pessoal e planificava a expansão do negócio. Instalado, inicialmente em Diu, rapidamente alargou as suas áreas de actuação por diversas partes da Índia e, posteriormente, alargou a sua rede comercial a Moçambique. Tinha, a seu cargo, uma rede de funcionários com funções específicas, onde se podiam encontrar comissionistas, que eram gestores do negócio e que escolhiam a mercadoria e controlavam toda a contabilidade inerente à mesma, os caixeiros-viajantes que vendiam a retalho, os fieis de armazém que guardavam a mercadoria e observavam a sua conservação, os alfaiates que costuravam e reparavam os tecidos e todo um rol infindável de vendedores ambulantes, que palmilhavam os territórios do interior, mercadejando os produtos. Muitas vezes a orgânica comercial dos baneanes, moldada numa estrutura familiar, era geracional, fruto da forte identidade de sangue que identificam e caracterizam as famílias hindus. Em Moçambique, conluiando-se com as autoridades das áreas política, administrativa, fiscal e militar, como cunha de entrada nos mercados, obtenção de monopólios territoriais e isenções fiscais, acabaram por correr com os comerciantes portugueses em muitas áreas, quando se apercebiam da sua fraqueza económica e fraco poderio militar. No acordo de 1686 que foi estabelecido entre o Vice-Rei da Índia (Conde de Alvor) e a Companhia de Mazane de Diu, que entregava a estes o monopólio do comércio entre os dois territórios, estabelecia-se, entre outras cláusulas, que: a) os funcionários portugueses davam prioridade e apoio aos seus negócios; b) os membros da companhia estavam isentos de direitos aduaneiros sobre as importações e exportações; c) os compradores eram obrigados a pagar de pronto os bens comprados à companhia, para evitar que esta ficasse com capital empatado; d) os barcos da companhia tinham prioridade sobre todos os outros no tocante a facilidades alfandegárias e portuárias, reparação dos mesmos e recrutamento coercivo, caso fosse necessário, de tripulantes. A Companhia foi extinta em 1777.
Companhia de Moçambique – Companhia majestática que administrava um quarto do território moçambicano, cerca de 13.500.000 hectares. A Companhia administrava uma área referida por Território de Manica e Sofala, completamente independente da administração directa do Estado Português. O Território tinha, por limites, o rio Zambeze, a Norte, e pelo paralelo 22 a Sul, a Rodésia, a Oeste e o oceano Índico, a Este, com cerca de 434 quilómetros de costa marítima. À Companhia de Moçambique foram concedidos privilégios por Carta Régia de 1891, por um período de cinquenta anos, renováveis mas, em 1929, o Estado Português assumiu a soberania plena do território, cessando a actividade da Companhia, cerca de uma década mais tarde e que tinha a sua sede principal em Lisboa e a Beira como capital do Território. Dedicava-se, principalmente, à exploração dos minérios (ouro, prata, estanho, cobre e algum carvão); da agricultura (sisal, algodão, milho, amendoim e arroz); pecuária; indústria do açúcar e exploração de madeiras. O Governo de Lisboa era representado, na Companhia de Moçambique, por um Comissário, cujas competências para fiscalizar a Companhia foram estabelecidas pelo Ministério das Colónias, no âmbito do Decreto nº 28.006 de 02 de Setembro, cujo teor rezava o seguinte: “Nos termos do art.º 28 do Acto Colonial e usando da faculdade conferida pelo parágrafo 1 do art.º 10 com referência ao parágrafo 2, do mesmo artigo e ao art.º 91, parágrafo 49, da Carta Orgânica do Império Colonial Português, o governo decreta e eu promulgo o seguinte: Artigo 1º: - É autorizado o Ministro das Colónias a ordenar ao Comissário do Governo junto da Companhia de Moçambique a realização em África de inspecções e inquéritos à actividade exercida pela mesma Companhia nos territórios confinados à sua administração. Artigo 2º: - O Ministro das Colónias fixará o tempo da sua duração e bem assim das normas a que devem obedecer e os objectivos em vista. Artigo 3º: - Dentro dos territórios administrados pela Companhia de Moçambique terá o Comissário do Governo precedência sobre todas as entidades, com excepção do Chefe de Estado, Presidente do Conselho, Ministros, Sub-Secretários de Estado e Governador-Geral da Colónia de Moçambique. Artigo 4º: - A Companhia de Moçambique abonará ao Comissário do Governo durante todo o seu tempo de impedimento nos serviços que trata o artigo primeiro, os vencimentos que legalmente está percebendo, os quais serão pagos na metrópole a pessoa que o mesmo Comissário designar. Artigo 5º: - O Comissário do Governo, quando em serviço em África, terá um secretário, nomeado pelo Ministro das Colónias sob proposta daquele. Artigo 6º: - Tanto o Comissário do Governo como o seu secretário vencerão diariamente ajudas de custo, a fixar em portaria pelo Ministro das Colónias. Parágrafo Único: Pode o Ministro autorizar, por meio de despacho, que um e outro recebam antes do embarque a ajuda de custo correspondente a quarenta dias. A restante ajuda de custo será paga na Beira, semanalmente, observadas as formalidades estabelecidas na lei para o seu processamento. Artigo 7º: - Constituem encargo da Colónia de Moçambique as ajudas de custo a que se refere o artigo precedente e os transportes do Comissário do Governo e do seu secretário os quais poderão fazer-se pelas vias que o Ministro determinar. Parágrafo Único: Para efeitos do preceituado neste artigo é autorizado o Governo da Colónia de Moçambique a abrir desde já um crédito especial da importância de 250.000$00. Publique-se e cumpra-se como nele se contém.”.
 
 
Companhia de Seguros Nauticus – Inovadora no ramo dos seguros em Moçambique, esta companhia foi fundada em 01 de Julho de 1943, com capital social de dez mil contos, como forma de reacção a evitar que as empresas moçambicanas segurassem os seus produtos em empresas estrangeiras, nomeadamente sul-africanas. Pode-se considerar a Nauticus como a primeira seguradora moçambicana, tendo tido no seu grupo fundador nomes como Paulino Santos Gil, Manuel Moreira da Fonseca, Álvaro de Sousa, Carlos Teodoro Martins, Manuel Simões Vaz e António Figueiredo. Sedeada em Lourenço Marques, impunham os seus regulamentos que 80% das suas acções deviam obrigatoriamente pertencerem a portugueses.

Companhia do Boror – Companhia majestática de pequena dimensão, situada na área de Quelimane e que era arrendatária de um conglomerado de prazos que abrangiam os do Boror, que se estendia desde o rio Namacurra até à parte mais ocidental do Distrito de Quelimane, aos do Licungo e Macuse, que ficavam nas margens dos rios com o mesmo nome ainda os prazos de Namecurro e Tirre. Dedicava-se, principalmente, à agricultura e era detentora do maior palmar do mundo, que ultrapassava um milhão de palmeiras, dedicando-se ainda ao cultivo da borracha, do sisal e da cana sacarina, com a consequente indústria do açúcar e álcool.

Companhia Holandesa das Índias Orientais – Em 1602 forma-se, nos Países Baixos, a Dutch East Índia Company (Companhia Holandesa das Índias Orientais). Esta grande Companhia, formada com um capital inicial de 550 libras, resultou da junção de diversas pequenas companhias comerciais, que permilhavam o Oriente e era dirigida por um Conselho de 17 Directores. Fundou e governou a Colónia do Cabo, génese da actual República da África do Sul, durante 140 anos. Por volta dos finais do século XVIII a conquista da Holanda pelos franceses e a supremacia naval britânica, trouxeram a ruína à Companhia, que pagou os últimos dividendos em 1782. Em 1794 entrou em bancarrota e, no ano seguinte, deixou de existir, mas o seu legado histórico como formadora inconsciente e única duma futura nova nação ainda hoje perdura.

Companhia do Niassa – Companhia majestática fundada em 1891, que administrava os territórios nortenhos de Moçambique, e que abrangiam toda área de Cabo Delgado e Niassa referidos, genericamente, como Territórios de Cabo Delgado, em finais do século XIX e princípios do século XX. Os Territórios, eram limitados, a sul, pelo Distrito de Moçambique, no prolongamento do rio Lúrio, a norte pelo rio Rovuma, a oeste pelo Lago Niassa e a este pelo Oceano Índico, possuindo cerca de 170 milhas de costa marítima. Estabelecida desde 1894 na zona, a Companhia do Niassa detinha poderes absolutos nos Territórios, excepto nas áreas militares e judiciais. A sede do Governo dos Territórios de Cabo Delgado era em Porto Amélia, onde residia o Governador da Companhia, como máxima autoridade e mantinha em funcionamento vários serviços públicos tais como Secretaria-Geral, Fazenda, Correios e Telégrafos, Trabalho Indígena e Polícia e subdividia a região em catorze concelhos bem como publicava um Boletim Oficial. A entidade que se encontrava por detrás da Companhia do Niassa era a britânica Niassa Consolidated Company, a qual detinha 219.000 acções das 436.539 emitidas, no valor fiduciário de uma libra cada. As receitas da Companhia do Niassa provinham, principalmente, do imposto de palhota e das alfândegas, sendo certo que a sua intervenção ao longo dos anos, no território, foi parasitária e em nada beneficiou o desenvolvimento da mesma, quer agrícola, quer pecuária, quer piscatória ou mesmo industrial, que ficaram, praticamente, na estaca zero. Os interesses da Companhia não passavam pelo desenvolvimento mas sim, apenas, pelo arrecadar dinheiro pelas vias mais fáceis. Em 28 de Outubro de 1929 os referidos Territórios de Cabo Delgado deixaram de ser administrados pela Companhia e passaram para a soberania directa do Estado Português.

Companhia dos Mujaos e Macuas – Tendo sido proibido à Companhia de Mazane de Diu comerciar no interior do território havia que disciplinar o negócio entre a ilha de Moçambique e os povos do litoral (macuas) e do interior continental (mujaos). Nasceu, assim, em Março de 1766, a Companhia dos Mujaos e Macuas, fundada por diversos habitantes da ilha de Moçambique, com a finalidade de estabelecerem comércio com os macuas e os mujojos. Autorizada a estabelecer cinco feitorias tinha, ainda, que manter na ilha uma loja e um armazém e a sua actividade comercial limitava-se ao território fronteiro à capital, tendo-se criado quatro feitorias no Mossuril e uma na Cabaceira. As permutas entre a companhia e o interior eram, na sua essência, a troca de tecidos de algodão e missangas, vindos da Índia, por marfim, abada, escravos e bens alimentares, estes últimos tão necessários à ilha e sendo os três primeiros monopólio da companhia. A mesma teve curta duração já que, face aos inúmeros protestos dos comerciantes da Índia e apoiados pelo governo de Goa, o Rei de Portugal ordenou a extinção da mesma em 1769, invocando que os seus monopólios feriam a liberdade de comércio no território.

Companhia Majestática - Em finais do século XIX, o Estado Português alienou grande parte do território moçambicano ao capital privado, autorizando a criação de companhias majestática, a quem concedia não só a exploração económica de vastas  regiões, como também lhes autorizava a prática dos vários actos  de soberania como, por exemplo, o lançamento e cobrança de impostos, vassalagem de povos e  policiamento, entre outros. Foi a evolução do sistema feudal dos prazos para o sistema capitalista das grandes companhias. Com esta medida o governo português decapitava os prazos, cuja africanização dos prazeiros e as suas permanentes rebeliões, com a consequente estagnação económica juntamente com a desertificação humana causada pelas guerras e tráficos de escravos, só traziam dores da cabeça para os governantes e, ao mesmo tempo, realizava dinheiro, pois leiloavam-se extensas áreas a indivíduos ou grupos financeiros com capital garantido. Em 1892 o governo português leiloa, em hasta pública, todo o território do vale do Zambeze. Esta medida atraiu os capitalistas estrangeiros, já que os nacionais não tinham recursos financeiros, o que também serviu os interesses do governo português, pois foi uma maneira de saciar os apetites estrangeiros pelas terras de Moçambique, evitando possíveis conflitos armados. Nasceram, assim, três grandes companhias: a Companhia da Zambézia, a Companhia de Moçambique e a Companhia do Niassa. Apareceram, em segundo plano, outras companhias majestática secundárias, mais pequenas, tais como a de Inhambane, da Gorongosa, do Luabo, do Boror, a Sena Sugar Estates, Ltd., a Societé du Madal e Empresa Agrícola do Lugela, Lda., entre outras, as quais centravam a sua actividade na exploração de prazos que arrendavam. Em 1929 o Estado Português iniciou o processo de cessação das actividades das companhias majestáticas e assumiu a soberania directa dos territórios, integrado numa nova visão política de nacionalismo vincado. No entanto, as companhias secundárias sobreviveram a esta nacionalização e transformaram-se em empresas de cariz capitalista, mantendo as suas actividades adaptadas às novas determinações políticas da administração portuguesa.

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IN MEMORIAN


 

Lyn Lusi - Faleceu Lyn Lusi, uma mulher lendária que amou África até à exaustão. Cidadã britânica de nascimento, tendo efectuado estudos na sua Pátria embarcou para o Congo, em 1971, ao serviço da Sociedade Missionária Batista. 

 

Lyn Lusi

No Congo conheceu a sua "alma gémea", o cirurgião ortopédico Kasereca "Jo" Lusi, com quem viria a celebrar os votos do matrimónio para o resto da vida. Ambos irão viver, até mais não, a celebração da solidariedade humana, no leste congolês montando um hospital sob a égide da sua fundação "Heal Africa", localizado numa das zonas mais violentas do mundo, devido à forte densidade de bestialidade humana que ali se concentra por quilómetro quadrado.


 
O apoio incondicional que sempre deu aos humilhados e ofendidos, nomeadamente às crianças, adolescentes e mulheres que sistematicamente foram (e continuam a ser) espoliadas, mutiladas e  violadas pelos "heróicos" guerreiros das diversas etnias daquela região africana, foi sobre-humano. Porque estamos a falar de crianças, adolescentes e mulheres violadas, bastas vezes colectivamente, com introdução anal e vaginal de paus, pedras e armas de fogo que depois chegavam a disparar. Após terem sofrido espancamentos e mutilações.


 
O casal Lusi


Porque importa denunciar o sadismo primitivo destes ditos "senhores da guerra", comanditários de todos os Mobutus, Kabilas e outros quejandos chefes congoleses que foram, são e hão-de vir a ser, sustentados pela máfia política do Hemisfério Norte, que muitas vezes se senta à mesa com eles a negociar a partilha das riquezas do solo.


 
Para todas estas pessoas que viviam na escuridão das doenças infecciosas que lhes inoculavam, no desespero da fome, com as aldeias incendiadas, os membros quebrados e os familiares assassinados à sua frente, a única luz que de esperança que ainda as fazia agarrarem-se à vida era, entre um punhado deles, o casal Lusi.


 
Lyn Lusi não foi agraciada com nenhum Prémio Nobel da Paz. Lyn Lusi não foi agraciada com viagens à volta da Mundo a dar conferências. Lyn Lusi não criou nenhuma fundação em que 95% de verbas colhidas se destinam a pagar vencimentos, comissões, contratações e outras confusões e a engordar as contas dos seus mentores. Lyn Lusi era uma ilustre desconhecida para quase todo o Mundo, salvo os que verdadeiramente se debruçam sobre os problemas africanos. Apenas neste último ano da sua  vida foi-lhe agraciado o Prémio Opus. O milhão de dólares que lhe coube do prémio investiu-o na íntegra no hospital e na Fundação. 

Morreu Lyn Lusi. Morreu uma Mulher-Coragem. Morreu uma Mãe-África. Morreu pobre materialmente. Mas era detentora duma riqueza humana fabulosa. Há mais uma estrela no luzeiro celestial. Aqui fica a minha singela homenagem. Sinto-me órfão.

 
Haja alguém que lhe faça um poema. Para que, na celebração da palavra, se celebre a sua memória.

 
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LEITURAS


 
Raramente tenho apontado a leitura de livros de História, mas hoje, a propósito de ter falado de Lyn Lusi e da sua Pátria adoptada que foi o Congo refiro dois livros excepcionais que li sobre a História deste País.

Um é "O fantasma do Rei Leopoldo: uma história de voracidade, terror e heroísmo na África colonial", da autoria de Adam Hochschild (Caminho, Lisboa, 2002, 484 págs.), e que se reporta aos lendários tempos do século XIX quando o rei Leopoldo da Bélgica quis ter uma coutada privada africana só para si e contratou, ao seu serviço, Henry Morton Stanley. Do Estado Livre do Congo, como coutada privada da realeza belga até ao Congo depois colonizado pelos empresários belgas e administrado pelo Governo deste País, este livro é um memorial histórico fabuloso reportando-se, como base de arranque, no romance que Joseph Conrad escreveu e onde relata a saga fictícia dum capitão de navio fluvial que, navegando no Congo, transporta marfim e vai em busca do lendário Kurtz, romance esse que ficou com o título de  "Heart of darkness" (traduzido em português para "Coração das trevas").

 

Capa do livro

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O outro tem por título "O assassinato de Lumumba" da autoria de Ludo de Witte (Caminho, Lisboa, 2001, 463 págs.) e historiografa o caminho para a independência do Congo e todas as clivagens que o mesmo sofreu após a mesma bem como reconstitui, com precisão, a ascensão e queda do Primeiro-Ministro federal Patrice Lumumba, caído em desgraça, preso, colocado sob protecção da ONU, donde opta por fugir e, após perseguição, acaba localizado e assassinado por congoleses ligados à facção Moisés Tchombé.


 
Capa do livro

Ambos os livros acima referidos são sólidos, bem documentados, muito bem escritos, e apaixonantes. Num misto de investigação histórica e jornalística, não enganam o leitor e para quem queira documentar-se sobre o Congo, quer colonial quer após a independência, estes dois livros acima referidos são, para mim, topo de gama.


 
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Sobre o "Heart of darkness" um dos livros do romancista Joseph Conrad é uma obra mundialmente famosa, traduzida para português com o título "Coração das Trevas" existindo, na nossa língua, várias edições desta obra. Joseph Conrad, em determinada altura da sua vida (1890) e por motivos profissionais, efectuou uma viagem ao Congo. Passado tempos demitiu-se e dedicou-se à escrita, tendo publicado diversos livros de aventuras. "Coração das Trevas" foi inicialmente publicado em 1899, em fascículos no "Blackword´s Magazine" e teve como fonte de inspiração  a viagem que ele efectuara uma década antes ao Congo.

Uma das capas das muitas edições em
língua portuguesa que este livro já teve.

É um romance onde relata a saga de Marlow um inglês que capitania um barco duma companhia belga no rio Congo e que tem que trazer uma carga de marfim rio abaixo e também ir buscar um tal Kurtz que ele não conhece mas que todos os membros da tripulação, ao falarem dele o engrandecem, como que o endeusando. Mas Kurtz, anos a fio isolado naquele interior africano, onde se comportava como um Deus despótico, afinal não é a personagem mitificada que contavam a Marlow.  Mas o cerne da narrativa romanesca é o relato do que toda a gente sabia, vivia e aceitava: um violento regime esclavagista.

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Lembro-me de há uma meia dúzia de anos atrás ter visto o filme "Coração das Trevas" que foi realizado com base no livro de Joseph Conrad. O filme foi transmitido na RTP 2, e não fixei nenhum nome, quer da produção, quer da realização ou de actores. Tendo pesquisado o filme na "rede" e nos vídeos do "youtube", não o localizei mas seleccionei um resumo da história em causa, que se segue. 


Resumo da história de "Coração das trevas"

 
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A título de curiosidade refira-se que este livro serviu de inspiração ao guião do filme "Apocalipse Now" realizado pelo magistral Francis Ford Copolla. É um dos filmes da minha vida.


 
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RECORDANDO HISTÓRIAS E LENDAS DE ÁFRICA




Rainha Amina dos haussas - Tendo andado a escrever sobre os exploradores europeus que penetraram nas regiões da área que compreende o actual Norte da Nigéria, em finais do século XVII e princípios do século XVII (Mungo Park, Daniel Houghtin e os quatro de hoje), tropecei nalgumas leituras da vida da Rainha Amina, cuja biografia é uma mistura de lenda e verdade. 


Rainha Amina (uma representação romantizada)


Entre séculos VIII e XVIII nasceram e morreram diversos impérios e estados naquela região africana, tais como o Gana, Mali, Songay, Bornu e Sokoto, entre muitos outros. O Impéria Haussa (Haussa Bakwai) começou a formar-se por volta do ano 1.000 e consolidou-se com a união de sete estados: Daura, Garun, Gobir, Kano, Katsina, Rano e Zaria (ou Zazau). Rezam as lendas locais e em parte subscritas em antigos estudos arabistas que, antes da formação da Casa Haussa (Haussa Bakwai), toda aquela região que viria a compô-lo e que se situava entre o rio Níger e o lago Chade, fora governado por dezassete rainhas.



E última delas, a mítica Shawata (também referida por Magajia Daurama), oferecia o seu corpo em casamento e o seu reino  em governação a quem matasse a monstruosa cobra Sarki (outras variantes dizem que era um dragão), que habitava num poço da cidade de Daura. Esta cidade (que também é referida por Katina ou Katsina, que é presentemente um dos estados nortenhos da federação nigeriana) tornou-se na capital espiritual do Império Haussa. De qualquer modo e continuando a seguirmos o relato desta lenda chega àquela cidade, vindo de Bagdade, um príncipe (ou plebeu, os relatos são variáveis) que dava pelo nome de Baiajida o qual matou o monstro que atemorizava o povo. Casando-se com a Shawata foram os filhos gerados deste casamento e dum outro anterior que ele efectuara antes de chegar a Daura que fundaram Casa Haussa, que liderou o Império que vieram a formar.



De qualquer modo também não é pacífica a veracidade da existência - física ou não - de Baiajida, o matador de dragões e progenitor dos fundadores da Casa Haussa. Estudiosos árabes e europeus não acreditam na sua existência mas que sintetizava a representação de grupos de migrantes do Oriente e que se deslocaram para o lago Chade e daí para o Norte do actual Níger onde se fixaram. A História de África muitas vezes mistura-se com histórias africanas.

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Regressando à nossa biografada, a mesma seria oriunda do estado de Zazau e o seu nome Amina (ou Aminatu) passou para a posteridade como uma rainha guerreira que liderou, em vários combates, milhares de guerreiros. Muito do que se relata dela é lenda, pois deeificam-na e a falta de documentos escritos contemporâneos que fossem idóneos (à sua época) mais dificultam o rigor da História. As fontes históricas haussas assentam, principalmente, em relatos efectuados por cronistas árabes que não enalteciam, por (de)formação religiosa, o papel da mulher. Inclusive a sua época de vivência não é pacífica. Para uns ela viveu nos princípios do século XV para outros em meados desse mesmo século. Para uns ela foi Rainha, para outros não passou duma cortesã ou princesa. Crónicas há que nem a referem minimamente


Sabe-se que ela existiu, governou, liderou guerras durante cerca duma trintena e meia de anos. Mas tudo o resto mescla-se com lendas. É assim a velha África.



Voltando ao Estado de Zaria (ou Zazau), um dos integraram o Império Haussa, o vigésimo Rei do mesmo, Nohir, não gerou filhos varões até à data da sua morte, pelo que foi o seu irmão quem ascendeu ao trono. Com a morte deste a coroa do Reino é entregue a uma filha de Nohir, que se chamava Bakwar Torunku. Esta mulher, que foi uma Rainha combatente e que liderou guerreiros, gerou a nossa biografada Amina (era a sua filha mais velha), a qual herdou o espírito bélico da sua mãe.  O Estado de Zaria começou por dominar o comércio trans-sariano após o colapso do Império Songai e, por ser o mais estruturadamente belicoso, tinha por função defender em primeira linha os outros estados haussas.

Amina teria uns dezasseis anos quando a sua mãe assumiu a governação de Zazau. Ao suceder-lhe, novamente,as contradições históricas surgem. Uns centram o seu reinado entre 1536 e 1573, outros que foi o seu irmão, Karama, quem governou realmente e só após a morte deste (que teria ocorrido em 1576) é que ela assumiu o Reino. De qualquer modo, torna-se pacífico que ela desencadeou guerras aos reinos vizinhos. Segundo relatos: "Ela levou a guerra a esses países, derrotando-os completamente, de modos que o povo de Katina passou a pagar-lhe um tributo bem como os homens de Kano. Combateu ainda as cidades de Bauchi até que o seu Reino atingiu o mar, a sul e a ocidente." À data da sua morte o Império Haussa tinha uma dimensão geográfica nunca antes alcançada.



Outra representação romantizada da Rainha Amina

Terá combatido durante uma trintena e meia de anos. Nunca se tendo casado rezam as lendas e as crónicas que recebia um homem por cada cidade que conquistava. Como depois abandonava essa cidade para partir para outra o desgraçado era decapitado. A época em que, comunemente, se enquadra o seu reinado correspondeu ao florescimento da expansão haussa. Os seus artífices tornaram-se bastante procurados fora das fronteiras territoriais. As cidades haussa tornaram-se centros de mercados e de negócios trans-fronteiriços, fazendo com que a língua local se tornasse franca. O comércio do sal, couro, tecidos, obi (cola), cavalos e camelos e metais expandiram-se e terá sido no decurso do seu reinado que Zaria tornou-se no "umbigo do mundo" sudanês ocidental. Tal facto também se deveu porque se relata que a Amina não lhe interessava tanto a subjugação das terras conquistadas mas sim que estas deixassem o livre trânsito às mercadorias haussas (em termos modernos seria como isenção de impostos fronteiriços).



Amina, a lendária  Rainha que, segundo as crónicas, era conhecida por "Amina, yar bakuwa ra san rana" ("Amina, a mulher que era capaz de tudo como se fosse um homem"), morrreu em Atagara, com a sua reputação de invencibilidade e de boa governante intocáveis.



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POESIA



 Ana Paulo Lavado - Amante que sou de ler e ouvir declamar poesia, há uns tempos atrás fui assistir ao lançamento dum livro duma poetisa que não conhecia, (e continuo a não conhecer pessoalmente)de seu nome Ana Paula Lavado. No decurso do lançamento comprei um exemplar da obra em causa "Mentes perversas..." e, posteriormente, li-o, leitura essa que se tornou numa agradável surpresa. Há já algum tempo que não tropeçava num conjunto de poemas bem encorpados e enquadrados, tal como depois comentei neste blogue.

Ana Paula Lavado


 
Movido pela curiosidade acabei por adquirir, passados uns dias, os dois livros que a referida poetisa já tinha publicado antes: "Vozes do vento" e "Um beijo... sem nome". Não sou um crítico literário e pertenço àquele enorme grupo de pessoas que gosta ou não do que lê, do que ouve ou do que vê sem ter que se justificar porque sim ou porque não da apreciação de determinada obra. Preocupa-me mais a sua divulgação do que analisá-la. E, mesmo que aconteça conhecer pessoalmente o/a Autor(a) (o que ainda não acontece neste momento com esta poetisa), isso não me inibe de gostar ou não da dita obra, independentemente do grau de (ini)amizade ou (des)conhecimento que possa ter com ele/a.

 
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A poesia de Ana Paula Lavado leva-nos a um longo caminho lajeado por pedras apanhadas, aparadas e polidas nas dores dos amores perdidos porque partidos, quando ela diz


 
Se eu te chamasse e tu viesses,
como outrora fizemos um dia,
contar-te-ia minhas mágoas, minhas preces
e, numa quietude que só tu conheces,
tornarias leve minha melancolia.
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nas emoções das paixões cheias de (des)ilusões e na constante luta que trava e porfia na labuta do dia-a-dia, sempre na esperança dum amanhã que tarda e nem sabe se chegará,


 
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E a maré sobe,
e a lua nova adormece....

É a vida que se repete,
no ar fatigado e banal
da vida onde nada acontece.


 
e no sorriso que embala a pessoa com quem fala. E, assim, vai adiando os desejos incontidos do partir de novo, do se sonhar a dizer


 
Vou para longe.
Embarcar num barco à vela,
para lá onde o mar engrandece
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porque fatigada e cansada das falsas amizades que a levará a clamar

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Ó gente impura
que mal fadaste as pedras do chão,
nem ácidos sulfúreos
seriam tão corrosivos,
nem lava ardente
faria tal combustão.
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que a fazem sentir-se impotente perante o avançar inexorável do tempo, que pára antecipadamente a sua vida como se fosse um  anúncio de pré-morte:



Pedi um tempo
ao tempo,
que não ousou esperar.
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Resta-me a morte,
resta-me esperar.



O pensamento ou o tema da morte acompanha, por algumas vezes, o correr da sua caneta, mas não a torna a sua poesia moribunda. Encara-a como acto natural e filosofa se terá merecido a pena ter vivido.


Vou morrer um dia!

Claro que vou.
É a sorte que me sobra.
Resta saber se a existência
que emprestei a  este corpo
terá valido a pena.
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..........................


Tropicalmente oriunda duma geograficamente longínqua Angola, mas que está colada ao seu coração e aonde não sabe se voltará, magnificamente nostálgica poema:



Lembrei o aroma selvagem
que me viu nascer!

As imagens fogem,
ficam difusas...

Como se o tempo estivesse a desfocar!

Mas os cheiros não se apagam no tempo...
e trazem-nos lembranças
vindas nas vozes do vento!


 
Refugia-se na poesia, como forma de combate ao torpor do dia-a-dia e, ilusoriamente triunfante dirá:

Este é o meu reino
onde as palavras tomam a cor dos madrigais
e se esquecem da realidade 
..............................................

Pela sua poesia passa um lirismo com ritmo, musicalidade, cor. E, entre vários, há o cântico sublime ao Amor, como acto de redenção da vida e purificação da alma, quando proclama


Se amor fosse decidido ser doença
Qualquer químico seria o bastante
P´ra tornar o seu estado demência
Num estado de equilíbrio constante.  
Mas amor não é doença.................
........................................................

Ou, como magistralmente inspirada diz:


 
Apetecia-me escrever um poema
daqueles que falam de orgasmos
de loucuras e erecção,
de gemidos e fantasias
de corpos suados e de tesão!
.............................................
..........................................


 
Encerro esta minha singela apreciação à sua poesia com a chave de ouro de um dos mais belos poemas sentidos que já li na minha vida (e tantos tantos que  já li).


 
Um Cálice de Porto

Hoje já não pergunto porque não voltas.
Apresso-me apenas para chegar a destino nenhum
e apagar as luzes que te vestiram.
Depois permaneço deste lado do palco. Este lado
que se mantém inalterável e escuro, onde a vida
não é mais que um reflexo isento de espelhos.
Quisera ter-te... mas não passei de um adereço
dispensável na representação.
Resta-me apenas o cenário onde ainda te revejo
e vou confundindo a realidade para que o sonho não se suicide.
De alma nua, amo apenas o mar que nos uniu
e odeio o mar que nos afastou.

 
Havíamos ficado, noites inteiras, depois de um brinde
onde juramos eternidade. Perdidos no riso
ou exaustos na paixão, deixamos vazios, todos os cálices
daquele Porto que escolhias por amor.
As horas morriam no silêncio dos nossos corpos
emudecidos de prazer, numa cama
que ficou gravada pelas nossas mãos.

 
Se a morte chegasse, pediria apenas um cálice
de Porto dourado. E morreria bebendo cada beijo teu!


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Sem sombra de dúvidas que volto a repetir o que dela disse (na mensagem de 01 de Maio último) aquando primeiramente li o seu terceiro filho literário: "Há algum tempo que não lia poemas com corpo e alma. Com forma e conteúdo."

Ana Paula Lavado. Uma estrela a reter na constelação poética que envolve o nosso mundo imaginário.

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PINTURA


 
Roberto Chichorro - Pintor luso-moçambicano, nascido em 1941, em Lourenço Marques. Depois de completados os estudos secundários na capital laurentina começa logo a trabalhar em diversos empregos, atendendo a que o curso universitário que pretendia tirar só era possível (na altura) em Portugal e o factor económico pesou pela negativa.


Roberto Chichorro



Quando cumpria serviço militar, no início da década de 60, trava conhecimento com o jornalista Carneiro Gonçalves que o desafia a integrar uma exposição pictórica colectiva em 1966. No ano seguinte já expõe individualmente, sempre em Lourenço Marques.



Quadro de Roberto Chichorro



Em 1971 vem, pela primeira vez, a Lisboa e na década seguinte profissionaliza-se, de vez. Ganha uma bolsa do Governo espanhol para arte de cerâmica e de zincogravura. Até meados desta década circula entre Moçambique, Espanha e Portugal, até que acaba por se fixar neste último país.




Quadro de Roberto Chichorro


Cruzei-me, pela primeira vez, com a sua arte na ilha de S. Miguel (Açores). Tem um traço característico que o individualiza na panóplia dos pintores moçambicanos, sendo o azul a sua tonalidade preferida.  Não sendo um apaixonado pela sua pintura não deixo, no entanto, de a apreciar.



Quadro de Roberto Chichorro



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ESCULTURA


A minha tardia homenagem a um amigo que partiu.



António Magina - Escultor angolano que conheci e tive o prazer de ter cruzado com o mesmo por alguma vezes. Não sendo íntimos e de convívio constante, no entanto cruzámo-nos esparsamente e o seu trato afável com uma voz calma tornavam as nossas conversas um momento de prazer.




António Magina

Tomei conhecimento agora, muito tardiamente (estupidamente tardio mesmo) da sua morte ocorrida em Novembro último, em Lisboa, por motivos de doença. Lamento. Tanto como a sua morte, o meu lamento vai para o não ter convivido mais com ele, o não ter aprendido mais com ele, ou se calhar o não ter sabido ouvi-lo melhor. Opções profissionais da minha vida levaram-me, por vezes, a deslocar-me para outros lados e o afastamento dos amigos mais chegados ou não era inevitável.



Escultura de Magina



Mas isto também não serve de desculpas à minha falha. É estúpido estar para aqui com lamentações e auto-críticas. Errei ao não ter convivido mais com  um Homem da cultura. Cuja presença e amizade só me honravam. Se um dia me cruzar com ele, no Além, não voltarei a cometer este erro terreno. Agora e aqui já é tarde.


Até lá apenas estas linhas para, publicamente, redimir-me do meu erro e dizer que, sinceramente, a partida de Magina, deixou-me a mim (e a todos nós) mais pobres. Morreu um Homem. RIP.



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PORQUE  SÓ HÁ UM PLANETA


 
Há que denunciar os maus tratos que energúmenos praticam nos animais. Não se acorbadem. Ao calarem-se tornam-se cúmplices desses facínoras.


 

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Felizmente há animais que crescem e vivem em ambientes compatíveis. Mas, infelizmente, a cada ano que se passa são uma minoria. 

 


 

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ACONTECEU


Crónica de uma morte anunciada - Leio no Expresso que , na zona do Bombarral, uma senhora grávida de oito meses acabou assassinada pelo seu ex-companheiro e que este, por sua vez, suicidou-se. Infelizmente acontecimentos destes ocorrem aqui e em qualquer parte do Mundo, não sendo essa a causa do meu escrito. 


É que no seguimento da notícia leio que a referida senhora era alvo, sistematicamente, de maus tratos do referido companheiro e que por quarenta sete vezes ela e seus familiares directos apresentaram queixa nas autoridades. Repito, sublinho e carrego a negro, quarenta e sete vezes ela e seus familiares directos apresentaram queixa nas autoridades. Ah, já me esquecia: no espaço de 14 meses.

Depois de múltiplas vezes ter sido ou esfaqueada,  ou pontapeada, ou ficado com costelas partidas, ou ter tido uma pistola encostada à cabeça e todas as demais violências, as autoridades policiais... pacatamente continuaram sentadas no maldito posto de trabalho. Trabalho? Se isso é trabalho eu quero concorrer a esse tacho.



Estava grávida de oito meses quando foi assassinada à catanada e o bébé que transportava no ventre também morreu. Revolta-me a passividade disto tudo. Enojam-me estas autoridades. Rápidas a passarem multas de trânsito... lentas a defenderem uma pessoa indefesa. 

Das 47 queixas a maioria foi apresentada na GNR do Bombarral e cinco no Tribunal daquela comarca. Leio que "Com a tomada de posse da nova procuradora-adjunta no início de Março o processo ainda acelerou...." e a trinta desse mês "quase um ano após a primeira agressão atribuíram a  "M....." o estatuto de vítima de violência doméstica".


Vocês desculpem-me mas só me apetecia espetar uns bufardos nos focinhos das autoridades (policiais e judiciais) de tal aberração. Um ano para considerarem uma pessoa vítima de violência doméstica? Mas estamos em que País?  Vivemos em que século? Somos regidos porque leis?


Mas o desprezo para com a integridade física duma pessoa (ainda por cima grávida) não acaba aqui. Finalmente, os polícias mexeram-se (coitaditos, lá tiveram que justificar o "al contado do fim do mês" e, de certeza por ordem do Procurador-Adjunto (coitadito, lá teve que dar um despacho para justificar o "al garantido ao fim do mês") apresentaram o agressor a um Juiz de Intrução Criminal que, em vez de o mandar para o local correcto (a cadeia) pô-lo na rua com Termo de Identidade e Residência e proibição de contactar com a vítima. Coitado do Senhor Doutor Juiz, se tivesse que o prender tinha que dar um despacho fundamentado a justificar a prisão (é a Lei, meus senhores, é a Lei) e, assim, mandando embora é tudo mais rápido e vamos todos para casa ver a Selecção.


Um mês depois o caso ficou resolvido. De vez. Com três mortos e um ferido (o pai da senhora também foi agredido com a catana) o processo vai para o arquivo, com  passagem pelo tratamento estatístico. Caso resolvido.



Os polícias lá voltaram para o fresquinho do posto a verem os jogos da Selecção e comendo tremoços, o Ministério Público com menos um processo para despachar e a atrapalhar as estatísticas (pois arquivaram-se 47 queixas duma assentada) e o Juíz, qual Vitor Constâncio do Bombarral, de nada tem culpa, de nada se apercebeu, nada mais podia fazer.



Enojam-me todos eles. Sem excepção. Lamentavelmente são analfabetos demais para lerem e compreenderem Gabriel Garcia Marquez. Talvez algum dia um drama destes lhes toque à porta. Mas aí... eu não lamentarei.



A família está disposta a presentar queixa contra o Estado Português devido ao laxismo e incompetência com que tratou o caso. Acho muito bem e faço voto que o Estado seja condenado a pagar uma indemenização cível aos queixosos.



Só lamentarei essa indemenização (a ser determinada) não sair do bolso dos polícias, procuradores e juízes que não tenham tratado o caso com a rapidez e humanidade que o mesmo requeria. Será o Estado a sacar o dinheiro dos meus impostos para pagar a incompetência destes cafagestes que não merecem o tacho que têm e só envergonham as classes profissionais que representam.

 

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E agora... até um destes dias. Vou dormir.