"O Mundo não é uma herança dos nossos pais, mas um empréstimo que pedimos aos nossos filhos" (Autor desconhecido)

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

David Livingstone

Aventureiros, viajantes e exploradores:
David Livingstone - (Blantyre (Escócia), 19/03/1813 - Chitambo (Rodésia do Norte - actual Zâmbia), 01/05/1873) - Missionário, médico e explorador africanista. Tendo feito os seus estudos em Glasgow, em Setembro de 1838 é aceite na Sociedade Missionária de Londres (London Missionary Society) e, dois anos depois, a 20 de Novembro, é ordenado missionário na Albion Saint Chapel, nesta mesma cidade. A 08 de Dezembro de 1840 embarca no navio "George" com destino a África. Após a sua chegada à cidade do Cabo ruma para Norte e, em 1842, instala-se numa missão religiosa em Matosa, a cerca de trezentos quilómetros de Kuruman, nas margens do rio Limpopo, junto do povo bechuana. Numa caçada quase que perde a vida quando um leão o ataca e lhe fractura um braço. Casa-se em 1845, com Mary Moffat, filha de Robert Moffat e que o tratara do ferimento causado pelo leão e, em 1840,  acompanha dois caçadores ingleses (William Oswell e Mungo Murray) à região do Kalaári onde, segundo relatos de nativos, existia um grande lago. A viagem foi um pesadelo, onde quase morreram de sede, para além de terem enfrentado toda a espécie de adversidades, tais como ataques de cobras, leões e elefantes. A 01 de Agosto desse mesmo ano atinge o lago Ngami, na Bechuanalândia (actual Botswana), sendo os primeiros europeus a terem atingido tal zona, pelo que acabou condecorado pela Real Sociedade de Geografia de Londres, por tal facto exploratório. Em 1851 instala-se na região dos macololos, explora a região do rio Zambeze e, pela primeira vez ouve, dos nativos, relatos da existência dumas quedas de água nesse mesmo rio, a que chamavam de "Mosewatunya". No ano seguinte regressa à cidade do Cabo, onde embarca a mulher e os quatro filhos que já tinha na altura, para Inglaterra. Entre 11 de Novembro de 1853 e 31 de Maio de 1854 David Livingstone explora e liga o interior africano até à costa oriental africana. Em 1854 é condecorado pela Sociedade de Geografia da França e a Universidade de Glasgow atribui-lhe o grau de Doutor. Inicia o seu projecto de ligar, a pé, o continente africano de costa a costa, o que vem a conseguir ligando Luanda a Quelimane e descobrindo as famosas cataratas "Mosewatunya", que rebaptiza com o nome de "Victoria Falls", em homenagem à sua Rainha Victoria, jornada esta iniciada e concluída entre 03 de Novembro de 1855 e 20 de Maio de 1856. Esta proeza leva a Real Sociedade de Geografia de Londres a condecorá-lo com a Medalha de Ouro(Patron´s Gold Medal), tornando-se no primeiro europeu a conseguir tal descoberta. Em 1856 retorna a Inglaterra, coberto de glória, reunindo-se à sua família e, em finais do ano seguinte, publica o seu livro "Missionary travels and researches in South Africa". Volta a África em 1858, agora como explorador encarregado de cartografar as vastas regiões do rio Zambeze e tentar rasgar caminhos que permitissem abrir rotas comerciais. Efectuou novas viagens, de carácter exploratório e religioso ao longo dos rios Zambeze e Chire, tendo atingido e explorado o lago Niassa (1861). No ano seguinte morre a sua mulher e, em 1864, torna a Inglaterra, onde repousa durante dois anos. Regressa a Zanzibar, financiado pela Real Sociedade de Geografia de Londres, a fim de iniciar novas explorações nas zonas dos Grandes Lagos Africanos e para tentar descobrir as misteriosas nascentes do rio Nilo, naquilo que era considerado o maior desafio do século para qualquer explorador africano. Em Abril de 1867 atinge o lago Tanganica e, no ano seguinte, a 18 de Julho, descobre o lago Bangwelo. A 14 de Março de 1869 estabelece-se em Udjiji, juntao ao lago Tanganica, na Rodésia do Norte (actual Zâmbia). Efectua novas missões exploratórias até que é dado como desaparecido no interior africano, durantes largos meses, originando a criação duma expedição financiada pelo jornal norte-americano "The New York Herald", chefiada por Henry Morton Stanley, expedição esta que vem a localizar David Livingstone em Udjiji, em 28 de Outubro de 1871. Ficou célebre esse encontro entre os dois exploradores, cujo relato correu mundo, com a  célebre pergunta: "Dr. Livingstone, I presume?".  Durante largos meses os dois exploradores percorrem as zonas adjacentes ao lago Tanganyka, até que Henry Morton Stanley regressa, deixando David Livingstone para trás, pois este não queria regressar à Europa, enquanto não encontrasse as nascentes do rio Nilo, a sua grande obsessão. Envelhecido e doente, tomado por febres, David Livingstone continua a sua busca obsessiva, sem êxito, até que a morte o colhe em Chitambo. Tornou-se, juntamente com Cecil Rhodes, num acérrimo adversário dos portugueses, se bem que por motivos diferentes e a quem os apodava de "negreiros divulgadores de sífilis" . Criticava abertamente a escravatura, que classificava como uma praga da humanidade, tendo lutado abertamente contra o tráfico negreiro o que também lhe granjeou inúmeros inimigos. Os seus restos mortais, foram mumificados e trazidos de Chitambo para Zanzibar, pelos seus fiéis criados James Chuma e Abdullah Susi, dois african-bombays*, numa viagem fúnebre que durou nove meses. Cruzaram-se em Bagamoyo, no Tanganica (actual Tânzania), com a expedição do explorador Vernon Cameron, que fora enviada a ter com David Livingstone e acabaram surpreendidos com a notícia do seu passamento. Este brilhante explorador e missionário que, a par com James Booth, foi um dos primeiros europeus a defender intransigentemente os direitos humanos das gentes africanas e que baseava que o desenvolvimento dos mesmos assentava no princípio dos "Três C - Crsitianismo, Comércio e  Civilização", repousa na Abadia de Westeminster, em Londres, para onde foi trazido com honras de funeral de Estado, no ano seguinte à data da sua morte.

*African-Bombays - Palavra inglesa que se reportava a todos os nativos africanos que, trabalhando como escravos na zona do Oceano Índico, eram resgatados pela Marinha Britânica, nas perseguições que desencadeavam contra os esclavagistas, quer nos barcos negreiros, quer em plantações ilhéus ou na placa continental. Após o resgate, esses escravos eram levados para Bombaim, na Índia Britânica, onde eram integrados em áreas agrícolas e, posteriormente, já libertos da sua anteriuor condição, por ali ficavam ou retornavam a África. O mais famoso "african-bombay" foi Sidi Mubarak Bombay.

Livro:
"David Livingstone - Viagens de exploração no Zambeze e na África Central" , de Júlio da Gama (Livraria Universal de Magalhães & Moniz - Editores; Porto; 1880; 181 págs.). Trata-se do relato das viagens que o explorador David Livingstone efectuou na África Austral e bacia do Zambeze, entre 1840 e 1864 e na África Central (do Niassa ao Alto Congo), entre 1866 e 1873.

Disco:
Morreu o cineasta Ken Russel. Dele fica-me a memória de ter dirigido o videoclip "Nikita", magistralmente cantado por Elton Jonh. Um videoclip muito inteligente, que não precisou de ser legendado para, em qualquer parte do mundo visse quem o visse e falasse a língua que falasse, se percebesse o sentido da letra da canção romântica.

Exposição:
"25 anos de aquisições e doações" é uma exposição que exibe centenas de peças adquiridas ou doadas, com especial relevo para os artigos que foram pertença da nossa Casa Real, tais como jóias, pinturas, cerâmicas, ourivesaria, tecidos, móveis e aguarelas, entre outros. No Palácio Nacional da Ajuda (Lisboa), entre os dias 06 de Dezembro próximo e 06 de Abril de 2012.

Lamento:
Um homem esqueceu-se duma mala contendo 1,4 milhões de euros num restaurante (Sábado,pág. 33). Lamento não ter sido eu a encontrá-la.

Recomendo:
Uma ida à Feira de Velharias de Algés, que se realiza todos os quartos domingos do mês, durante o dia todo. Idêntica à Feira da Ladra lisboeta, mas com a vantagem de ser em terreno plano, num jardim, com bastante arvoredo que projecta frescura, bancos para descanso e bar com esplanada no centro da feira, para se tomar algo.

Imbecilidades:
A Comissão de Promoção da Virtude e Prevenção do Vício, na Arábia Saudita, pretende a promulgação duma lei que obrigue as mulheres a andarem com os olhos cobertos se estes forem considerados muito bonitos e, por isso mesmo, sensuais (Sábado, pág. 30). Estou de acordo. E até digo mais: estou a pensar escrever-lhes a sugerir que as mesmas sejam proibidas de sairem de casa se estiverem menstruadas, suadas ou banhadas. Não vá o cheiro das feromonas atazanar as pobres cornetas daqueles desgraçados beduínos púdicos. Francamente. Não há pachorra.

Uma pergunta:
Uma mulher foi "...violada com violência..." (Sábado, pág. 36). Como será uma violação pacífica?

Vai acontecer:
Em Oeiras, lançamento do livro póstumo "Memórias do Oriente - Índia, Timor e Moçambique", de Dias Antunes. No Palácio Verney, dia 06 de Dezembro próximo, pelas 15H00.

Uma oportunidade para ver um espectáculo da espectacular Áurea. No dia 25 de Dezembro próximo, pelas 22H30, no Casino de Lisboa. E, cereja no topo do bolo, não se paga bilhete. Melhor prenda de Natal é difícil.

Está a acontecer:
Em Skopje, capital da Macedónia, estão-se a plantar 5,7 milhões de pinheiros (Sábado, pág. 36). Para variar, o Natal serve de justificação a uma boa causa. Para variar do atentado ecológico que se teima em perpetuar, em nome da paz e harmonia universal, em ceifarem milhões de jovens árvores que serviriam para despoluirem as cabeças dos cabeçudos que as cortam.

Aconteceu:
Os "hackers" do auto-denominado grupo "LulzSec Portugal" atacaram o sistema informático ligado à PSP e divulgaram ,publicamente, dados pessoais de polícias. Também atacaram o sítio do Parlamento e do Hospital  da Cruz Vermelha, bem como já entraram noutros sítios do Estado e ameaçaram não se ficarem por aqui, indo assestar as baterias a bancos e empresas. Bom... e quando é que os gestores/administradores desses sítios se resolvem a abrir os cordões à bolsa e mandarem instalar sistemas de segurança eficazes para protegerem os bancos de dados? É que esses sistemas já existem. Não dando uma garantia a cem por cento dão-na, no entanto, numa percentagem muito elevada. É puro acto de negligência criaram bancos de dados confidenciais e não os protegerem como deve de ser. E não vale a pena virem para a imprensa vociferarem contra os "hackers". Eles existem e vão continuar activos e vivos.

Mas não é só neste jardim à beira-mar plantado que os "hackers" atacaram. O grupo "Teampoison" atacou, informaticamente, as Nações Unidas e divulgaram as palavras-chaves de mais de mil endereços electrónicos de funcionários daquela organização. Como protesto contra a inactividade da ONU em muitas situações trágicas de conflitos que assolaram várias partes do mundo.

E lá continua o folhetim "Isaltino Morais". Já cheira mal tanto atraso nas decisões judiciais. Agora o Tribunal da Relação indeferiu mais um requerimento do arguido e ainda existem pendentes mais dois recursos. Mas será que é difícil os Juízes trabalharem um pouco mais e tomarem decisões rápidas. Nem que seja para justificarem o vencimento. Decidam-se, porra.

Outro folhetim judicial que se arrasta é o de "Vale e Azevedo". Já nem me lembrava dele. Lá continua em Londres, a aguardar que os magestosos Juízes de Sua Magestade se decidam, favoravelmente ou não, sobre o terceiro mandado de captura europeu que a Justiça de cá emitiu. Porra, decidam-se.

E, na Noruega, consideraram o Anders Breivik chanfrado ou, como se deve dizer politicamente correcto, como sofrendo de "esquizofrenia paranóide", pelo que não pode ser condenado por ter morto 77 pessoas. Pois, então, como ele não joga com o baralho mental todo, é inimputável e vai ter direito a tratmento psiquiátrico. Que pena não se ter cruzado com uma bala perdida. E não se pode condená-lo a ouvir, até ao fim da vida, ininterruptamente o "Paranoid" dos Black Sabath?

Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (?), só no mês de Outubro passado a floresta amazónica foi desflorestada em 385,5 quilómetros quadrados. No mês anterior tinha sofrido uma razia de 253,8 quilómetros quadrados. Eu não sei se podemos culpar só os políticos brasileiros. Coitados... afinal, eles descendem de nós. Talvez, por isso, se possam considerar inimputáveis.

Na Argentina uma professora entregou aos alunos uma "pen" com material didático de biologia mas que, por lapso, tinha também gravado uma cena de sexo explícito em que ela participava activamente e que, por esquecimento, não a desgravou. Que sorte daqueles alunos. E não percebo porque é que os pais ficaram indignados. No meu tempo da primária (já lá  vão 50 anos) também tínhamos cenas de sexo. Era quando não sabíamos a tabuada ou não fazíamos os trabalhos de casa e a professora (ainda me lembro dela, a D. Maria Emília) mandava baixarmos os calções e, no estrado e de rabo desnudado virado para a turma, aplicava-nos umas reguadas no dito cujo com a "menina dos olhos", que era uma grossa régua de madeira. Democraticamente tocava a todos os  faltosos. Ainda vi uns bons pares de cus de infelizes colegas meus da desgraça. E choravam. Sim, porque isto de apanhar no cu, ao que dizem, faz doer.

Efemérides da semana:
29/11/1874 - Nascimento de Egas Moniz, neurocirurgião português, Prémio Nobel da Medicina.
30/11/1609 - O astrónomo italiano Galileu Galilei observa a face da Lua, pela primeira vez com um telescópio por si construído e faz um desenho desta sua observação.
30/11/1874 - Nascimento de Winston Churhill, político britânico, Prémio Nobel da Literatura.
30/11/1935 - Falecimento de Fernando Pessoa, poeta português.

Foi dito:
"Em nossa casa comíamos "à la carte". Aquele que tirava a Ás de Espadas, comia." Woody Allen, cineasta norte-americano. 

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Tim Butcher

Livro:
Tim Butcher (1967), já por mim referido anteriormente, aventureiro africanista contemporâneo dos quatro costados, efectuou a reconstituição doutra viagem, desta vez levada a cabo pelo multifacetado e prolixo escritor britânico Graham Greene (1904/1991) pelos territórios que hoje constituem a Serra Leoa e a Libéria, em 1935, acompanhado duma prima sua, de nome Barbara Greene. Se bem que, nessa época, a Serra Leoa fosse relativamente conhecida pela colonização britânica já a Libéria apresentava um vazio na sua cartografia interior, cuja área estava mapeada em zona branca e preenchida apenas com a palavra "canibais". O livro que Grahamn Greene escreveu sobre essa viagem, com primeira edição em 1936, titulou-o de "Journey without maps" (Vintage, London, 2006, 238 págs.). Sobre o mesmo existe uma tradução portuguesa com o título "Jornada sem mapas" (Minerva, 1964) edição muito difícil de se encontrar no mercado. A sua prima, Barbara Greene, que o acompanhou nesta viagem, também deixou as suas impressões num livro com o título de "Land benighteh" (Terra inculta), da qual desconheço tradução para a nossa língua. A viagem que os Greene (Graham e Barbara) efectuaram acabou por decorrer sem grandes incidentes, com uma duração de cinco semanas em território liberiano. Cerca de setenta anos mais tarde (nos tempos actuais) Tim Butcher, que estava colocado na lista negra e sentenciado de morte pelo senhor da guerra liberiano Charles Taylor, reconstituiu essa mesma viagem, que foi muito mais complicada e perigosa, por isso mesmo; após ter pesquisado  exaustivamente toda a documentação existente sobre a jornada dos Greene. Acabaria por publicar o registo da sua odisseia, no livro "À caça do Diabo - África, uma viagem pelos caminhos da morte" (Bertrand Editora, Lisboa, 2011, 399 págs.) um fascinante relato pleno de aventuras que viveu com intensidade pelas terras dos "diamantes de sangue" e que, sem dúvida, o coloca no pódio dos actuais viajantes/aventureiros daquele continente. É um daqueles livros que, tal como o seu anterior "Rio de sangue", quando se começa a ler não se larga mais.

Filme:
Já que falamos da Serra Leoa e da Libéria, vi dois filmes de aventura que, não sendo excepcionais, não deixam de ter o seu grau de qualidade pelo tema que abordam: a recolha de diamantes nestes territórios sob a mira das armas de déspotas que escravizam toda uma população, controlando exércitos formados, muitas vezes, por crianças de rua, para seu próprio enriquecimento e dalguns capitalistas europeus (estes últimos não podiam faltar, nem que fosse para darem um colorido Benetton). Um tem por título "Diamante de sangue" (Lonely Films Production, 2006, 137 minutos) num tema  onde dois africanos se cruzam (um branco - Leonardo DiCaprio e um negro - Djimon Hounsou) e, juntos mas com objectivos diferentes, atravessam todo o horror da guerra pelo monopólio da extracção dos diamantes, na Libéria. De registar que várias cenas de combate deste filme foram efectuadas nos subúrbios de Maputo. O outro filme tem por título "Diamantes" (Universal Studios, 2009, 173 minutos) e aborda a viagem que uma senadora norte-americana efectua por terras africanas na busca do apuramento da verdade sobre a morte da sua filha.

Imbecilidades:
A Power Balance andou a vender, por todo o mundo, umas pulseiras que garantiam que o holograma com carga eléctrica das mesmas concedia força e equilíbrio a quem as usasse. Agora concluiu-se que não há fundamentação científica para tal e que tudo não passou de publicidade enganosa. Com as indemnizações e multas pesadas que lhe vão cair em cima a empresa arrisca-se a falir. Tudo bem. Não tenho pena nenhuma  dos que lucraram com a imbecilidade de quem adquiriu tal produto. Mas, francamente, nunca pensei que houvesse tantos imbecis em todo o mundo.

Uma pergunta:
Se eu emprestar 78 euros a alguém e cobrar 34 euros de juros sobre esse valor (44%) sou um agiota. Então, pergunto eu, ignaro que sou destas matérias: como classificamos a "Troika" que empresta a Portugal 78.000 milhões de euros e vai cobrar 34.400 milhões de euros  de juros sobre esse valor (os mesmos 44%)?  Se isto é a tão apregoada ajuda com que os nossos governantes nos lavam o cérebro, então prefiro ir "dar o pacote" para a avenida e dormir debaixo da ponte. É que fico com a sensação que me puseram areia na vaselina.

O maior castanheiro da Europa localiza-se na área da aldeia de Guilhafonso - Guarda, com 19 metros de altura e com uma idade calculada em 400 anos, estando classificado como "de interesse público" desde 1971. Pois a mesma, segundo leio na imprensa, está a secar e corre o risco de morrer. As autarquias locais nada podem fazer pois, atendendo à classificação da dita árvore, só a ANF - Autoridade Nacional Florestal (como eu adoro estes títulos autoritários) é que pode intervencionar e, até ao momento, nada tem feito, arrastando-se o assunto desde o ano passado. Então, já agora, não se podiam também deixar a secar ao Sol os responsáveis da ANF que já foram alertados e nada fizeram? E, já agora, ao lado do castanheiro em causa.

Recomendo:
Uma visita ao Museu Rafael Bordalo Pinheiro. Localizado numa pequena vivenda ao Campo Grande - Lisboa (perto da Universidade Lusófona) permite integrarmo-nos no modo de viver de Lisboa nos finais do século XIX, para além de ficarmos a conhecer a visão política e artística deste genial caricaturista e ceramista. De um humor cáustico, a sua visão crítica da política e da sociedade de então ainda hoje se mantém actualizada. Mesmo volvidos cem anos.

Aconteceu:
O Governo australiano apresentou uma proposta, que está em discussão pública até Fevereiro de 2012, para criar uma reserva marinha protegida no Mar de Coral, com cerca de um milhão de quilómetros quadrados de superfície. Apesar de criticada por diversas associações ambientalistas e sumidades internacionais ligadas à biologia marinha, por não ir mais longe, quer numa maior cobertura geográfica quer na proibição total da actividade pesqueira, já é um bom começo. A bem deste belo Planeta Azul.

O Parlamento suíço aprovou o desmantelamento progressivo das suas cinco centrais nucleares, operação complexa que irá durar até 2034. A ver vamos, mas já é um outro bom começo. A bem deste Planeta Azul.

Hoje (27/11) o fado acabou consagrado, na belíssima Bali, como Património Imaterial da Humanidade. Já muito foi dito e eu, para não correr o risco de chover no molhado, nada mais irei acrescentar de útil. Apenas que se registe a minha sincera congratulação por tal facto. Não sendo um adepto incondicional deste tipo de música - tirando os sagrados e consagrados Carlos do Carmo e Amália Rodrigues - não deixo de ficar orgulhoso de tal facto. A referência de nomes é injusta, por omissão deste ou daquele e, por isso, de antemão a minha mea-culpa caso injustice alguém mas heróis desta saga terão sido, entre outros, António Costa - actual Presidente da edilidade alfacinha, Rui Vieira Nery - musicólogo que liderou a Comissão Científica da nossa candidatura, Rúben Carvalho - vereador municipal e Sara Pereira - Directora do Museu do Fado e também membro da Comissão Científica. De lamentar que Amália Rodrigues, a grande Diva do Fado, não tivesse vivido o suficiente para assistir a esta consagração. Ou não fosse a voz dela a timbrar "Estranha forma de vida" que o Júri da UNESCO e toda a restante assistência ouviu no iPhone de António Costa, quando este finalizou o seu discurso de apresentação da candidatura. Um gesto inteligente.

Em Filadélfia - EUA, foi eleita como Presidente da SIAM - Society for Industrial and Applied Mathematics (Sociedade Matemática Aplicada e Industrial) a portuguesa Irene Fonseca, que lecciona Matemática na Universidade de Carnegie Mellon. Esta Sociedade é, a nível mundial, a maior associação científica de matemática aplicada, constituída por cerca de 13.000 associados individuais e 500 institucionais. E, agora, é presidida por uma portuguesa. Porque será que lá fora somos tão produtivos e aqui, neste jardim à beira-mar plantado... temos que viver de esmolas estrangeiras?

Vai acontecer:
A actriz Eunice Munoz vai ser condecorada amanhã (28/11), pelo Presidente da República Cavaco Silva, com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique honrando-se, deste modo, uma carreira, mais que meritória, de 70 anos. Vá lá, vá ,lá. De vez em quando o nosso Venerando Chefe de Estado acerta numa decisão. E logo na área da cultura, quem diria. 

Disseram:
"Há dois mil anos o maior orgulho era poder dizer-se: "civis romanus sum" (sou um cidadão romano). Hoje, no mundo livre, o maior orgulho é poder dizer-se: "ich bin ein berliner" (sou um berlinense)."  Jonh F. Kennedy, político, num discurso efectuado em Berlim, em Julho de 1963, contra a construção do Muro de Berlim pelas autoridades soviéticas.

"Sr. Gorbachov, derrube este muro." Ronald Reagan, político, num discurso efectuado em Berlim, em Junho de 1987, contra a manutenção do Muro de Berlim.

Efemérides:
Nascimento de Jimy Hendrix, considerado o maior guitarrista de todos os tempos (27/11/1942).
Discurso, em Nova Deli, de Jawaharal Nerhu, Primeiro-Ministro indiano, onde apela aos Estados Unidos e à União Soviética a findarem os ensaios nucleares e iniciarem o desarmamento com vista a salvar "a Humanidade do desastre final." (27/11/1957).
A Nova Zelândia torna-se o primeiro País do mundo a permitir o voto feminino em eleições gerais (28/11/1893).

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Livro:
Tim Butcher (1967) é um jornalista britânico que, após ter estado como correspondente do jornal "Daily Telegraph" durante quatro anos em África, resolveu encetar a reconstituição da lendária viagem que, no século XIX, Henry Morton Stanley (1841/1904) fez pelo rio Congo, no sentido Este/Oeste, tendo sido uma das viagens mais fascinantes levadas a cabo e só conseguida devido à vontade indómita e inquebrável de Henry Morton Stanley que tudo venceu, desde doenças, ataques de animais quer terrestres quer fluviais, traições, morte dos seus lugar-tenentes, revoltas do seu pessoal, combates com tribos inimigas, o percurso dum rio desconhecido que foi tentando mapear, a solidão, a fome, enfim, tudo o que se possa imaginar coube nesta epopeia que ocorreu entre 1874/1877. "Primus inter pares", Henry M. Stanley, independentemente das motivações económicas, aventureiras ou militaristas que o levaram a cruzar África em múltiplas direcções, quer ao serviço de interesses colonialistas europeus (a criação do Estado Livre do Congo, como feudo privado do Rei Leopoldo I da Bélgica), de glória pessoal e pura aventura (localização do outro lendário Dr. Livingstone, na actual Zâmbia, onde nasceu a celebrada pergunta "Doctor Livingstone I presume?") ou a missão militarizada de apoio ao Emir Pascha, no sul do Sudão, para a História ele fez mais que jus ao cognome com que ficou conhecido: "Bula Matari"  que traduzido significa "O que parte pedras". Ora bem, é sobre a odisseia desta viagem pelo rio Congo que recomendo a leitura de dois livros sobre a mesma. O primeiro foi escrito na primeira pessoa pelo próprio Henry M. Stanley e tem por título "Através do continente negro ou as nascentes do Nilo, circum-navegação dos Grandes Lagos da África Equatorial e descida do rio Livingstone ou Congo até ao Oceano Atlântico". (Mendonça & Irwin, Empresa Editora, Lisboa, 1880, Volume 1 - 366 págs.; Volume 2 - 424 págs.; Volume 3: 339 págs. e mapas). O segundo livro sobre esta viagem fluvial foi escrito por Tim Butcher, com o título "Rio de sangue - uma aventura apaixonante no coração de África" (Bertrand Editora, Lisboa, 2009, 383 págs.), no qual o jornalista efectua, em finais do milénio passado, o mesmo percurso que Henry M. Stanley fizera pouco mais de um século antes. O interessante, ao lerem-se ambas as obras, é comparar África num salto temporal que mediou cem anos e comparar as amplitudes evolutivas (ou não) nesta parte central do continente africano, quer nos povos, quer nas mentalidades, quer na devastação ecológica.

Documentário:
Hugo van Lawick (1937/2002) foi um dos mais importantes fotógrafos e documentaristas sobre a vida selvagem africana, onde se iniciou em finais da década de 50. Travou amizade com o lendário paleontólogo Louis Leakey (1903/1972) que o apresentou a Jane Goodall (1934), a lendária especialista em chimpanzés. Com ela terçou amores e documentários sobre estes primatas. Um dos grandes amores da sua vida profissional foi o Parque Nacional do Serengueti, na Tanzânia, onde ficou sepulto no mesmo local onde durante décadas teve a sua tenda montada. Daí a minha recomendação para se ver, da sua autoria, "A sinfonia do Serengueti", um filme de 80 minutos sobre um dos mais belos ecossistemas da vida selvagem africana, com cerca de 30.000 quilómetros quadrados de área.

Exposição:
"Frida Kahlo - as suas fotografias", no Pavilhão Preto do Museu da Cidade, em Lisboa. Trata-se de um conjunto de 257 fotografias desta pintora mexicana que está patente até 29 de Janeiro próximo e que se subdividem em seis áreas: "Os pais"; "A Casa Azul"; "O corpo acidentado"; "Os amores de Frida"; "A fotografia" e "A luta política".

Aconteceu:
Uma mulher afegã, de nome Gulnaz, foi violada por um homem casado e, fruto disso, acabou grávida. Por ter tido relações sexuais com um homem casado, foi incriminada em adultério e condenada a 12 anos de cadeia, não tendo a legislação do seu País cuidado do acto em si ter sido contra vontade da mesma. Agora, na cadeia, onde se encontra com a sua filha, fruto da violação e que entretanto nasceu, tem hipótese de sair em liberdade antes da pena cumprida, desde que se case com o violador. Mas, se sair, pode sofrer represálias atentatórias contra a sua vida, pois quer os seus próprios familiares quer os do violador consideram que ela  desonrou o nome das famílias. É o que se pode dizer saltar do lume para a frigideira. Uma pergunta: que andamos nós a fazer no Afeganistão, há mais de dez anos? Uma meditação: e ainda nos queixamos nós da nossa crise.

Uma mulher paquistanesa, de nome Asia Bibi, camponesa e católica, no seu País, foi buscar água quando trabalhava no campo. Logo ali foi acusada por outras mulheres, muçulmanas, de ter conspurcado a água por ser cristã. Tendo-se recusado a mudar de religião, foi acusada de blasfémia contra o Profeta do Islão e acabou sentenciada à morte, pela legislação penal paquistanesa. Admite-se que o Supremo Tribunal acabe por revogar a pena capital. Mas, clérigos radicais, já ameaçaram que se tal suceder ela correrá risco de vida, caso saia em liberdade. Uma pergunta: que andamos nós a fazer no Paquistão há tantos anos? Uma meditação: e ainda nos queixamos nós da nossa crise.
"Laços de sangue" é uma telenovela produzida pela SIC/TV Globo que venceu, no difícil mercado estadunidense, o prémio "Emmy" para a Melhor Novela Internacional. Já no ano passado foi a telenovela "Meu amor" a arrecadar idêntico "Emmy". Aprendemos bem com os brasileiros e parece que o aluno está a suplantar o mestre. Não vi nenhuma das duas (cá em casa, democraticamente, "proibi" o visionamento de telechachas) mas... não deixam de fazer bem ao nosso ego lusitano estes prémios. Num País que só sabe falar da crise.

O Parlamento Europeu e o Conselho Europeu das Mulheres Empresárias premiou a portuguesa Sandra Correia, responsável da "Pelcor" como "Melhor Empresária da Europa 2011". Bom... repito o final do parágrafo anterior: não deixam de fazer bem ao nosso ego lusitano estes prémios. Num País que só sabe falar da crise. 

Uma dupla de jovens arquitectos portugueses, José Maria Cumbre (31 anos) e Nuno Sousa Caetano (33 anos) foram distinguidos na 5ª Edição dos Prémios de Arquitectura Ascensores Enor, em Vigo - Espanha, devido ao projecto dum bar sito no Jardim 9 de Abril, em Lisboa. Bom... repito de novo: não deixam de fazer bem ao nosso ego lusitano estes prémios. Num País que só sabe falar da crise.

Está a acontecer:
Uma greve geral, em Portugal, com as confederações sindicais UGT e CGTP juntas neste processo reinvindicativo. Independentemente das razões que lhes assistam e da disparidade do número de aderentes à greve que o Governo e os Sindicatos vão apresentar, faço uma pergunta: Porque é que os Sindicatos não pagam, dos seus cofres, aos grevistas o dia de trabalho? De certeza que muito mais gente haveria de aderir. Creio que muitos não fazem greve porque o dia de salário que lhes é descontado pesa nas despesas lá de casa. É que isto dos senhores dirigentes sindicais incitarem os trabalhadores à greve é muito bonito. Até podem ter carradas de razão e não é isso que está em causa. Mas esquecem-se dos cortes que esses mesmos trabalhadores sofrem, por Lei, por tal adesão. E que eu saiba ou calcule, aos senhores dirigentes sindicais não lhes afecta o bolso. Ou, pelo menos, podiam pagar uma percentagem do corte, escalonado na proporção dos vencimentos dos grevistas. E o controle nem era difícil: bastava os delegados sindicais confirmarem tais cortes, depois dos trabalhadores lhes exibirem a folha de pagamento no mês em que sofressem o corte.

Vai acontecer:
A fim de comemorar a candidatura do fado a Património Imaterial da Humanidade, o Museu do fado - Lisboa, a partir das 10H00 do dia 26 de Novembro corrente, vai manter as portas abertas ao público durante 36 horas, ininterruptamente.

Efemérides da semana:
Charles Darwin publica "A origem das espécies", um dos livros mais polémicos de todos os tempos, onde se teoriza a evolução gradual, através do método da selecção natural (24/11/1859)
Ocorre, em Dallas - EUA, o assassinato do Presidente Jonh F. Kennedy (22/11/1963)

Disseram:
 "Comemora-se em todo o País uma promulgação do despacho número cem da Marinha Mercante Portuguesa, tendo sido dado esse número não por acaso, mas porque vem precedido doutros noventa e nove anteriormente promulgados." (Américo Thomaz, político)

sábado, 19 de novembro de 2011

Livro:
Alexandra David-Néel (1868/1969) foi uma famosa aventureira francesa que percorreu, entre 1921 e 1946, milhares de quilómetros a pé, que a levaram a atravessar a Mongólia, China, Japão, Índia, Sikkim e Tibete, entre outras regiões asiáticas. Multifacetada, foi cantora de ópera, anarquista, femeninista, escritora, monja budista, antropóloga e exploradora. Celebrizou-se, entre várias façanhas, por ter visitado Lhassa, capital do Tibete, disfarçada de mendiga, tendo sido a primeira estrangeira a ousar tal e com risco da própria vida. Uma das suas inúmeras obras é "Viagem ao Tibete" (Livraria Civilização Editora, Porto, 1998, 250 págs.)  e trata do relato, em primeira pessoa, desta fabulosa viagem à capital espiritual tibetana, realizada em 1921. Depois de se ler o livro, fica o lamento de não a termos conhecido.

Disco:
Agora, que está a decorrer a candidatura do fado a Património Imaterial da Humanidade, sugiro a audição dum fabuloso instrumental sobre este género musical: o "Fado Bailado", de Rão Kyao. Editado pela Polygram Discos, em 1983, reúne um conjunto de dez fados, magistralmente saxofonizados. Um disco virado para dois tipos de pessoas: das que gostam e das que não gostam de fado.

Documentário:
A Gorongosa, um dos mais famosos parques naturais do continente africano, foi criada a 02 de Março de 1921, no centro da (então) Colónia de Moçambique e na região do mesmo nome, com a finalidade de preservar a rica fauna e flora moçambicanas, através da Ordem nº 4.178 da Companhia de Moçambique, que superintendia o Território de Manica e Sofala, pelo punho do seu Governador João Pery de Linde a quem, posteriormente, seria dado a uma localidade o seu nome: Vila Pery (actual Chimoio). Tendo uma área de reserva inicial de cerca de mil e quinhentos quilómetros quadrados, o Parque viu a sua área geográfica ser ampliada para cerca de três mil e duzentos quilómetros quadrados em 1935, através da publicação do Decreto nº 26.076. Situado numa belíssima região, podiam-se encontrar no Parque enormes manadas herbívoras de zebras, bois-cavalos, impalas, elandes, palapalas, cudos, búfalos e elefantes, entre outras. A completar a fauna encontravam-se, também nas planícies, javalis, leões, leopardos, raposas e cães do mato, entre outros animais, para além duma enorme variedade de espécie de aves. Na lagoa dos hipopótamos, situada no rio Urema, centenas destes animais emparceiravam com crocodilos. A lagoa de Inhatide, em plena floresta, era um enorme bebedouro colectivo dos animais do Parque. A nível da flora o Parque demonstrava toda a sua exuberância, alterando os prados com as florestas, ricas em água que corriam pelos acidentes dos terrenos. De renome mundial este Parque sofreu, após a independência do território, os efeitos dos horrores duma guerra civil (1977/1991) que levou à quase total destruição do seu ecossistema. Restabelecida a paz, os novos governantes moçambicanos encetaram uma inteligente política de recuperação de parques naturais em todo o território (e neste aspecto a República de Moçambique dá cartas ao Mundo) tendo a Gorongosa sido dos primeiros a beneficiar de tal política tendo, para tal, contado com o apoio, entre outras organizações, da norte-americana "The Gregory C. Carr Foundation" e do sul-africano "National Krueeger Park". E é sobre a espectacular recuperação deste Parque, qual Fénix renascida das cinzas, que visionei o documentário "Gorongosa - um paraíso perdido em África", produzido pela NGT - National Geographi Television (editado, em Portugal, pela Zon Lusomundo TV Lda., 50 minutos, 2010). É um documentário excepcional, como é timbre da NG, para os amantes da Mãe-Natureza. E é, também, uma sonora estalada a todos os senhores da guerra, barões da política e predadores da economia desenfreada, que quase conduziram este lugar "onde Noé deixou a sua arca" ao descalabro total. Felizmente, ainda há gente inteligente.

Filme:
Nos meus arquivos busquei outro filme que reputo de excepcional: "Feios, porcos e maus", de Ettore Scola.  Sarcástico, numa mescla denunciante do miserabilismo social, retrata a vida desgraçada duma família proletária que vive num bairro de lata nos arredores de Roma. Pura tragi-comédia neo-realista, realizada em 1976, tornou-se num filme de culto. De longe em longe revejo-o... sem nunca me cansar.

Gostei:
Da colecção de doze preservativos que o Sport Lisboa e Benfica lançou no mercado, cada um deles contendo uma frase. Das mais giras, para mim, são: "Esta vai ser à Benfica", "A melhor defesa é jogar ao ataque" e "Vai um dérbi?".

Lamento:
Segundo o "El Mundo" foi declarado extinto o rinoceronte negro, uma espécie da África Ocidental (Lido na "Sábado", de 17 a 31/11, pág. 27). De lamentar que, em vez deste ancestral animal, não tivessem sido extintos todos os bípedes acéfalos que contribuíram para este evento. E, infelizmente, uma das causas que ajudaram isto (mas não só) foi a crença, ainda enraizada em muitos estúpidos, que o corno em pó deste animal tem efeitos afrodisíacos. No século XXI e com o "comprimido azul" mais que difundido por todo o mundo.

"A ignorância dos nossos universitários" é o título duma interessante reportagem efectuada pela "Sábado" (17 a 213/11, págs. 100/106) a qual efectuou um teste de cultura geral junto de estudantes deste sector terciário da nossa educação. Se bem que "uma árvore não faz a floresta" e, por arrastamento, não podemos medir a (in)cultura deste jovens generalizando-a para o restante mundo universitário, a verdade é que pergunto: como foi possível estes jovens ficarem com certificações secundárias para poderem ingressar no mundo do ensino superior? Que tipo de professores os notaram para tal? Lembrei-me do humorista Jô Soares, que tinha um quadro televisivo (salvo erro no "Viva o gordo") onde parodiava a ignorância estudantil e terminava com a frase (cito de memória): "A ignorância da nossa juventude é um espanto".

Detesto:
A utilização abusiva do sufixo "inho", principalmente nos sectores da restauração. Uma pessoa senta-se à mesa e o empregado sugere: "Então que vai ser? Um bifinho com umas batatinhas? Olha que leva um molhinho (disto ou daquilo) que é muito bom. Ou prefere antes um arrozinho?" Ou então:  "Temos hoje um bacalhau acompanhado dumas couvinhas com batatinhas à murro." Para ajudar a deglutir tem-se "um vinhinho que é de estalo". A findar o repasto, que antecedeu dum "queijinho com pãozinho", ficamo-nos pelo "cafézinho", recusando nós, delicadamente, uma "aguardentezinha do patrão". Só o raio da conta é que não se torna "continha". Saímos do restaurante todos "tadinhos" e a remoer contra nós mesmos por não termos tido a coragem de perguntar ao simpático do empregado se "não queria ir levar no cuzinho".

Gastronomia:
Li, numa sugestão de compras, que estava à venda num determinado estabelecimento "gourmet"  (já cá faltava o francesismo) frascos de pasta de azeitona pela quantia de 3,99 euros (atenção, muito importante: não custam 4 euros mas sim "apenas" 3,99 euros). E que tal fazer isso em casa? Pega-se num punhado de azeitonas sem caroço (das recheadas com pimentos), descascam-se dois dentes de alhos, juntam-se salsa e orégãos (q.b.), pica-se tudo junto na "1,2,3", revolve-se a pasta assim obtida num fio de azeite e... já está. Demora um minuto a fazer e depois é só barrar em mini-tostas. De certeza que fica muito mais barato e, nos tempos que correm... talvez valha a pena.

Recomendo:
Uma visita guiada ao Aqueduto das Águas Livres, em Lisboa. Integrado no Museu da Água, este Monumento Nacional pode ser visitado desde que feita a marcação prévia.

Aconteceu:
Pelo que leio na imprensa, o advogado Duarte Lima ficou preso preventivamente, num processo relacionado com o BPN -  Banco Português das Negociatas (perdão, Banco Português de Negócios - escapou-se-me o dedo no maldito teclado e deu-me uma de bloquista momentânea). Não questionando a decisão judicial (quer por desconhecimento do processo em curso como também da jurispridência invocada para tal), não deixa de ser curioso e curial que a mesma suceda logo após a justiça brasileira ter emitido um mandado de captura internacional contra o agora arguido que, em Portugal, estaria a salvo de tal medida, fruto de ser um patrício nosso. Mas não... são apenas coincidências temporais. Se não me falha a memória (para não plagiar o "Se bem de lembro" de Vitorino Nemésio) e penitenciando-me desde já  caso esteja errado, o advogado Vale e Azevedo também foi preso mas só e logo depois de ter deixado a Presidência do Sport Lisboa e Benfica. Mas não... são apenas coincidências temporais.

E lá me comeram uma percentagem do meu subsídio de Natal. A bem da Nação. Está moribundo o maldito bendito. E com morte anunciada já para o próximo ano. Ou pelo menos fica em estado comatoso enquanto durar a vigência do programa imposto pelos triúnviros do capital. Veio uma inteligência superior (infelizmente não captei o seu nome) dizer, todo ufano, que em diversos países da Europa estes subsídios (de férias e de Natal) não são creditados aos seus funcionários. Eu também estou de acordo  com o corte dos mesmos... mas desde que me paguem o mesmo que esses europeus recebem pelo desempenho de funções idênticas às minhas. É que isto de pagar imposto à nórdico e receber uma mensalidade latina... "Oh Costa! A vida custa."

Está a acontecer:
Várias personalidades que são, ou foram, da confiança política de Cavaco Silva estão, neste momento constituídas arguidas e a serem julgadas ou a aguardarem julgamento. Independentemente da presunção de inocência das ditas personalidades até tudo transitar em julgado (é bonito dizer isto, não é?) penso que o Venerando Presidente desta lusa Pátria devia ser mais acertivo com as pessoas com quem se relaciona. Porque, mesmo que qualquer mortal tenha que nascer duas vezes para ser tão honesto como ele (lembram-se?)... que Diabo, é mesmo fraca pontaria. Felizmente que ele não seguiu a carreira de polícia ou militar. E infelizmente eu não comprei acções do BPN.

Vai acontecer:
Na próxima segunda-feira (21/11/2011) Fausto (Bordalo Dias) lança o duplo álbum "Em busca das montanhas azuis", álbum terminal da trilogia "Lusitana Diáspora", completando uma caminhada que iniciou al ter lançado "Por este rio acima" (1982) e continuado com "Crónicas da terra ardente" (1994). Fausto é, juntamente com Pedro Barroso e Pedro Abrunhosa, o meu trio de cantautores preferido.

O ciclo "Olhares sobre a Índia", com o tema "A morte do Herói Português:  da guerra de Angola à invasão de Goa, um testemunho", de Valentino Viegas com apresentação de Adriano Moreira. No dia 23 de Novembro corrente, às 16H00 no Salão Nobre da SHIP - Sociedade Histórica da Independência de Portugal.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

O livro:
Winston Churchill (1874/1965) foi uma personalidade ímpar, cuja história de vida sempre me fascinou. Largamente traçada a sua biografia em múltiplas obras, este farol que foi da lucidez e da liberdade brilhou intensamemte aquando dos alvores da II Guerra Mundial e também no decurso da mesma, liderando um governo duma nação que, praticamente sozinha no início, fez frente ao nazismo. Foi o tempo em que, lembrando Manuel Alegre, se poderia dizer: "... mesmo na noite mais triste / em tempo de solidão / há sempre alguém que resiste / há sempre alguém que diz não." À época dos alvores desta guerra foi, dos que tinham responsabilidades europeias, o único que disse sempre não. Antes de enveredar pela carreira política, Winston Churchill foi militar, jornalista, aventureiro e viajante, ainda decorria o século XIX. Facetas estas desconhecidas para muitos, aqui deixo a sugestão da leitura de três livros da sua autoria, dos vários que ele escreveu: 1) "River War - a reconquista do Sudão" (Fronteira do Caos, Porto, 2007, 312 págs.) onde, integrado nas forças britânicas expedicionárias do General Kitechener, em 1898, relata os factos político-militares que levaram à reconquista do Sudão para a Coroa Britânica, após a morte do general C. George Gordon no cerco de Cartum e o domínio da sublevação de populações locais, tendo participado na batalha de Omdurman. 2) "A minha viagem por África" (Casa das Letras, Alfragide, 2010, 175 págs.) que é uma narrativa simples dum périplo que efectuou, em 1907, pelas colónias do Quénia e Uganda e descida do Nilo Branco, onde plasma aqui a sua visão colonial como defensor do império britânico. 3) "Os meus primeiros anos" (Guerra & Paz, Lisboa, 2008, 391 págs.) livro autobiográfico dos seus primeiros trinta anos de vida (1874 a 1908), onde relata a sua odisseia quer como militar quer como jornalista, onde foi combatente na Índia e no Sudão, repórter de guerra no Sudão e na África do Sul, jornalista prisioneiro de guerra na África do Sul e observador militar nas guerrilhas de Cuba. Laureado com o Prémio Nobel da Literatura (1953), foi, em toda linha um aventureiro puro e duro. Para quem quiser conhecer todo o seu legado vivencial existe uma excelente biografia do mesmo: "Winston Churchill - biografia" de Martin Gilbert (Bertrand Editora, Lisnboa, 2003, 726 págs.). Que se recomenda.

O Disco:
Manuel Alegre é, sem dúvida, uma figura incontornável na poesia do século XX (e não só). Como tal, aqui fica a sugestão da audição do mesmo a declamar poemas seus (com acompanhamento de fundo à guitarra por Carlos Paredes), numa gravação efectuada em 1974, tendo a Valentim de Carvalho lançado esta preciosidade poética que ficou titulada "É preciso um País". Um belo registo para a eternidade dessa voz cujo timbre é imbatível e inimitável.

O filme:
"Voando sobre um ninho de cucos". Filme magistral, de Milos Forman, que retrata a sociedade dentro dum hospício. O papel principal, em boa hora, foi atribuído a Jack Nicholson, que tem aqui um desempenho notável, como aliás é a sua imagem de marca em todos os filmes onde intervém. Até o título do filme é uma lição.

A frase:
"A relação mais fácil de estabelecer é com dez mil pessoas; a mais difícil é apenas com uma." (Joan Baez, compositora e cantora).

Efeméride do dia:
1924 - O aviador português Sacadura Cabral é dado como desaparecido quando pilotava um avião sobre o Mar do Norte. O seu corpo nunca foi encontrado. Companheiro de Gago Coutinho quer nos périplos africanos, quer na primeira viagem aérea que ligou Portugal ao Brasil.

Recomendo:
A RTP Memória recomeçou a transmitir a série "Uma família às direitas" (EUA), da pretérita década de setenta. Um excelente programa de humor. Os humoristas cá do burgo bem podiam ver esta série. Para aprenderem como é que, com poucos actores e num espaço limitado, se faz qualidade.

Aconteceu:
Mais uma manifestação nas ruas, que englobou militares, polícias, função pública, reformados, indignados, desalojados, espoliados e mais uns quantos. Depois das marchas e dos discursos da praxe, enrolaram-se as bandeiras do protesto e foi tudo para casa ver a novela. Tudo bem como dantes... quartel general em Abrantes.

Está a acontecer:
A "troika" (o verdadeiro governo de Portugal) anda por cá a vasculhar as nossas misérias. Esperemos que o primeiro-ministro e seus muchachos (os capatazes da "troika") os convençam que somos bons rapazes, cordatos, ordeiros e cordeiros, de modo a que deixem pingar mais uns "milhõezitos" nos depauperados cofres da Fazenda Nacional. 




quinta-feira, 10 de novembro de 2011

O livro:
Fica a sugestão de dois livros, um sobre e outro de Leni Riefenstahl (1902/2003), uma personalidade alemã que atravessou o século XX no pleno. Foi dançarina, actriz de cinema, realizadora cinematográfica, fotógrafa e documentarista da vida subaquática. Entre as décadas de 20 e 80 do século passado, esta mulher, que privou com Hitler e, para ele e para a ideologia nazi, produziu documentários técnicamente consagrados como obras-primas por muitos, começou a sua ascensão na dança, que abandonou em 1923, ingressou no cinema como actriz e acabou a produzir, realizar e a interpretar  o principal papel no filme "A luz azul" , filme este que foi tanto do agrado de Adolfo Hitler que, em 1932, convida-a a realizar os documentários propagandísticos da ideologia nazi. Conheceu aí o seu apogeu, ficando para a História obras como "O triunfo da vontade", entre outras, que culmina com "Olympia", que se reporta à filmagem dos Jogos Olímpicos de Berlim (1936). Com a queda do nazismo, acaba presa mas liberta em 1950. Mais tarde vai para África e fotografa o povo nuba (Sudão) e tribos do Quénia. A sua activiade prolonga-se, posteriormente, em documentários subaquáticos, já ultrapassados os setenta anos de vida. Em 1987 publica as suas memórias. E é sobre esta mulher que chamo a atenção para dois livros interessantes: 1) "Leni Riefenstahl - cinco vidas" de Angelika Taschen (Taschen, Colónia, 2001, 336 págs.) e que se trata de uma fotobiografia de toda a sua vida profissional; 2) "África", de Leni Riefenstahl (Taschen, Colónia, 2002, 560 págs.) que contempla o seu espólio fotográfico que efectuou em África.

A frase:
"Tenho fé nos loucos, mas os meus amigos dizem-me que é autoconfiança." (Edgar Allan Poe, escritor)

Assinala-se neste dia:
1961 - Desvio dum avião da TAP ("Mouzinho de Albuquerque") por um grupo de revoluconários portugueses, liderados por Palma Inácio. O voo comercial, vindo de Marrocos, acabou por sobrevoar Lisboa, onde se lançaram panfletos contestatários à ditadura vigente do Estado Novo, após o que retornou a Marrocos, onde os sequestradores abandonaram o mesmo e requereram asilo político. Terá sido o primeiro desvio de uma aeronave, por motivos políticos, em todo o mundo.

Recomendo:
A leitura do "Inimigo Público", um caderno humorístico que acompanha o diário "Público", às sextas-feiras. Num País que anda triste, neurótico e desorientado, nada como o humor com que semanalmente somos brindados nessas páginas. Diga-se, em abono da verdade, que o "Inimigo Público" funciona, para mim, como o peito duma senhora: é a primeira coisa que os meus olhos buscam no conjunto.

Aconteceu:
Em declarações de Otelo Saraiva de Carvalho, à Agência Lusa, diz o referido senhor, entre outras bacoquices, que: "Para mim, a manifestação dos militares deve ser, ultrapassados os limites, fazer uma operação militar e derrubar o Governo." E, mais à frente, declara que "bastam 800 homens" (para tomar o poder). Bom... eu não vou embandeirar em arco e juntar-me ao coro dos que protestaram contra estas afirmações consideradas, na generalidade, como um atentado à democracia, etc. e tal. Já muitos o fizeram. Mas lembrei-me duma anedota que correu, salvo erro, no período do PREC (e cujo autor desconheço, o que desde já me penitencio), quando ele foi a Cuba, no seu apogeu político-militar e, no regresso dessa viagem, deslumbrado com a revolução cubana e com Fidel  Castro teria dito a frase: "Se eu fosse mais culto poderia ter sido o Fidel Castro de Portugal." Ao que logo as bocas da "reaça" anedotaram que Fidel Castro, ao tomar conhecimento desta frase, comentara para os seus companheiros barbudos: "E se eu tivesse sido estúpido teria sido o Otelo Saraiva de Carvalho de Cuba." Não sei porquê mas, num devaneio, dei-me a concordar com El Comandante.

Vai acontecer:
Actuação do conjunto "Scorpions", uma das minhas bandas favoritas. Uma curiosidade: o tema "Wind of change" tornou-se no hino da Perestroika. No próximo dia 11, pelas 21H00, no Pavilhão Atlântico (Parque das Nações) - Lisboa.



quarta-feira, 9 de novembro de 2011

O livro:
Existem, na nossa História. milhentos de relatos de toda a espécie, ou não fosse a mesma quase milenar. Um dos relatos que eu aprecio e há uns tempos atrás reli, é bastante desconhecido na generalidade das pessoas, baseando-me não em dados estatísticos mas porque abordando este assunto com múltiplas pessoas amigas, quase todas desconhecerem o mesmo. Trata-se da saga dos 400 na Etiópia. Que se reporta a uma expedição militar que os portugueses enviaram à Abissínia (então Reino do Prestes João), em meados do século XV, para auxiliar o Négus (Rei) etíope (que era cristão) contra as forças de Amhad Gran e seus aliados turcos (que eram muçulmanas) e que pretendiam apossar-se da coroa etíope, o que lhes seria relativamente fácil, face à extensão do território, ao facto das forças etíopes estarem fragmentadas e parte da própria nobreza não se mexer, aguardando quem seria o vencedor para se postar ao lado dele. Liderados por D. Cristóvão da Gama, quatrocentos portugueses internaram-se, em 1451, no Reino abissínio, conluiando-se com as forças abexins e, durante dois anos, batalharão as forças hostis. No final, da parte lusitana, apenas sobreviverão cerca de setenta soldados, tendo D. Cristóvão sido aprisionado e, após violentas torturas, acabado morto, como era boa norma naqueles tempos. Amhad Gran também não sobreviveria para contar a história aos seus descendentes pois, no recontro final, acabaria derrotado e morto. Era o tempo em que os chefes também iam à luta, liderando os seus homens. É uma história espantosa, da época dpos Descobrimentos, que vale a pena ler. Existem alguns livros que relatam a mesma, baseados nas memórias dum dos sobrevivcentes desta saga: Miguel de Castanhoso, testemunha activa e participativa que foi dum dos eventos mais alucinantes daquela época. Sem querer desprestigiar outros livros que sobre este tema foram escritos, aponto três, cuja leitura recomendo. A saber: 1) "História das cousas que o mui esforçado Capitão Dom Cristóvão da Gama fez nos reinos do Prestes João com quatrocentos portugueses que consigo levou.", de Miguel Castanhoso, com introdução e notas de Neves Águas (Publicações Europa-América, Mem Martins, 1988, 125 págs.); 2) "Crónica da libertação da Etiópia", de Júlio Graça (Campo das Letras, Porto, 2003, 283 págs.); 3) "Campanha da Etiópia - 1541/1543 - 400 portugueses em socorro do Prestes João", de Luís Costa e Sousa (Tribuna, Lisboa, 2008, 134 págs.). Com a proximidade do Natal, eis uma sugestão duma boa compra.

A frase:
"As  nuvens são como os chefes... quando desaparecem o dia fica lindo" (Anónimo).

Efemérides do dia:
1903 - Inauguração da estátua de Eça de Queiroz, em Lisboa, esculpida por Teixeira Lopes, que se inspirou na obra "A relíquia", onde o escritor se debruça sobre a Verdade, representada por uma mulher. (Portugal)
1934 - Nascimento de Carl Sagan. Cientista, astrónomo e escritor ("Cosmos", "Os dragões do Éden", p. ex.) e que contribuiu para me apaixonar por tudo o que se relacione com o Universo. (EUA)

Recomendo:
O canal televisivo RTP Memória transmite, diariamente entre as 13 e as 14H00 e com repetição entre as 20 e as 21H00, dois programas do Professor José Hermano Saraiva. Poucas pessoas devem conhecer o País tão bem como ele. Rever os seus programas - "O lugar da História" e "A alma e a gente" - torna-se num bom exercício memorial. É uma pura e suave viagem num tempo secular dum espaço lusitano que não cansa nem enjoa.

Vai acontecer:
A XXVIII Festa do Castanheiro e Feira da Castanha, nos dias 12 e 13 do corrente mês (próximo fim de semana), em Marvão. Para mais esclarecimentos consulte-se o sítio oficial: http://www.cm-marvao.pt.





terça-feira, 8 de novembro de 2011

A frase:
"A sorte dos chefes é que os homens não pensam." (Adolfo Hitler, político)

A recordar:
1900 - Nascimento de Margaret Mitchell, escritora. Autora do livro "E tudo o vento levou", que serviu de base a um dos filmes da minha vida. (EUA)
1922 - Nascimento de Christiaan Barnard, cirurgião. Realizou o primeiro transplante de coração do  mundo. (África do Sul)

Gastronomia:
Parte 1:
De há uns tempos para cá que abundam, nos diversos canais de televisão, programas sobre culinária. Nada a apontar sobre o conteúdo dos mesmos. Apenas acho piada ao título dos cozinheiros: "chef". Assim mesmo, um francesismo, como se tivessem vergonha de serem, portuguêsmente, "chefes". Todo o bicho careta que empunhe uma colher e se ponha à frente dum tacho é, automaticamente, "chef". Atenção, nada de confusões, porque se estiver à frente dum tacho e não empunhar uma colher de pau já não é um "chef", mas sim político. Nada de ser cozinheiro, chefe cozinheiro ou mestre cozinheiro. Nada disso. Há que dar uma pincelada de verniz nestes títulos proletários. E um "chef" é um "chef", caramba. Que Diabo. No subconsciente acabamos por catalogar a cozinha francesa como a melhor do mundo. Ora bem, até acredito na qualidade da dita cuja e não discuto a qualidade da mesma. Mas a boa e velha gastronomia portuguesa de certeza que não lhe fica atrás. E, não sei porquê, vem-me à memória o facto de eu ter convivido com a melhor cozinheira do mundo (e arredores): a minha mãe. Será que ela também era "chef", sem eu saber? É que ela, na sua infinita sabedoria doméstica considerava-se, apenas, cozinheira. Talves por isso nunca tenha ido à televisão.
Parte 2:
Está na moda a "cozinha de autor". Que, desde já, dispenso na generalidade. Recuso-me a pagar para passar fome. Sou um adepto incondicional da boa e velha cozinha portuguesa, ou doutras nacionalidades, mas desde que assentes na tradição dos povos. No saber dos sabores apurados  ao l,ongo de gerações. Está bem, pronto, sou um "reacionário culinário". Sem descambar em patriotismos bacocos, não troco uma receita tradicional por nada. E, de Caminha ao Corvo (no tempo da outra senhora era do Minho a Timor) Portugal tem um riquíssimo repositório gastronómico que ombreia com qualquer País e não nos deixa envergonhado. De entradas, peixes, carnes, acompanhamentos, doçaria e frutas, passando por vinhos e digestivos. A terminar esta pequena nota registo com agrado e recomendo a leitura da ficha "Nigella" (folhas 42 e 43) do livro "Dicionário de Coisas Práticas" de Francisco José Viegas (Bertrand Editora, Lisboa - 2011, 215 págs.). É de ler e lamber por mais.
Parte 3:
Chegou a época das castanhas. Uma das grandes riquezas do nosso País. Que nós, citadinos, muitas vezes desprezamos e só nos lembramos das mesmas quando chega o frio e ouvimos o pregão "quentes e boas", também magistralmente cantado por Carlos do carmo. Já que estamos em maré de gastronomia, deixo aqui uma receita transmontana dum doce de castanhas, esperando que não venha nenhum "chef" da "nouvelle cuisine d´auteur" abastardá-la: FALACHAS: prepara-se uma massa com castanhas cozidas e açúcar (ou mel). Envolve-se esta massa em folhas de couve-galega e leva-se ao forno a cozer. Também há a sugestão de se envolver a massa em folhas de castanheiro, onde se misturaram previamente pedaços de porco (já agora bísaro) e, no fim polvilha-se com canela. E pronto. Simples, rápido e eficaz. Apenas acrescento que se trata dum doce típico da freguesia de Moura Morta (Peso da Régua). Fontes consultadas: 1) www.cm-pesoregua.pt / turismo / doçaria regional; 2) Semana gastronómica de Trás-os-Montes - semana de 12 a 20 de Novembro de 1983 - Vinoverde. 

Aconteceu:
Li na imprensa que um aluno na Escola Secundária Miguel Torga, da zona de Sintra, foi incorrecto na aula para com a  professora e com uma colega, etc. e tal. Até deu direito ao Ministro da Educação Nuno Crato opinar que não toleraria no seu consulado, faltas destas, etc. e tal. Dei-me a lembrar que, no meu tempo (hoje estou muito nostálgico), situações destas nem chegavam ao Ministro. Eram logo resolvidas pelo próprio professor. E com bilhetinho para os pais tomarem conhecimento os quais, por sua vez, também tratavam de relembrar ao seu descendente as boas regras da educação. Era a chamada "democracia dos cinco dedos". E, no global, a minha geração nunca teve apoio psicológico, não ficou traumatizada, nem começou a urinar pelos cantos das casas.

Está a acontecer:
Esta noite o asteróide 2005YU55 está a passar entre a Terra e a Lua (23H28, segundo o Público 08/11/2011). Dizem que não há perigo pois o dito "calhau" vai prosseguir a sua viagem cósmica impávido e sereno. Já agora podia largar algum lastro que caísse na Terra e atingisse alguns iluminados que nos escurecem as nossas vidas neste "jardim à beira-mar plantado".

Vai acontecer:
Lançamento do livro "Cruzes de Guerra", de Henrique Pedro. Trata-se dum romance que, segundo o Autor, aborda o fim do Império. A 11 de Novembro próximo, pelas 17H30, no Forte do Bom Sucesso (junto à Torre de Belém). 

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

A recordar:
1867: Nascimento de Marie Skolodowska Curie, a primeira mulher a receber um Prémio Nobel. No decurso do ano de 1903 foi galardoada com o Nobel da Física, em parceria com o seu marido e com Henri Becequerel. Em 1911 repetiu a proeza e voltou a ser nobelizada,desta vez na área da Química.
1895: Travou-se o combate de Coolela (sul de Moçambique), que opôs forças portuguesas comandadas pelo Coronel Eduardo Galhardo às forças de Gungunhana, o último Rei do Império de Gaza. Foi uma pesada derrota, quer militar quer política, para Gungunhana, tendo sido esta a primeira e única vez em que forças suas combateram directamente os portugueses. (Moçambique).

Uma frase:
"Juntar pessoas é um começo, ficarem juntas é um progresso, trabalharem juntas é um êxito." (Henry Ford, empresário)

Recomendo:
Tendo entrado na livraria da Câmara Municipal de Lisboa, sita na Avª da República, descobri um conjunto notável de 105 fichas portáteis sobre a flora e a fauna do nosso País, conjunto esse que dá pelo nome de "Rota da Biodiversidade", produzido e editado pela edilidade alfacinha. Como se não bastasse a qualidade da informação aí prestada veio a agradável surpresa do preço: um euro. Com um simples euro qualquer pessoa fica com um acervo de informação notável sobre grande parte do reino animal e vegetal do nosso território. Com a vantagem de podermos levar toda esssa informação num bolso, aquando dos passeios que façamos.

Vai acontecer:
Dia 09 - 17H30: Lançamento do livro "Marie Skolodowska Curie", de Raquel Gonçalves-Maia, das Edições Colibri. No anfiteatro da Fundação FCUL (Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa) - Edifício C1 - Piso 3 - Lisboa.
Dia 10 - 18H00: Lançamento do livro "General Silva Freire", do Tenente-Coronel António Lopes Pires Nunes. Na SHIP (Sociedade Histórica de Independência de Portugal) - Largo S. Domingos - 11 - Lisboa.

domingo, 6 de novembro de 2011

O livro:
Há uns meses atrás pessoa amiga alertou-me para a visualização um curto vídeo no Youtube, no qual se filmava o reencontro de dois indivíduos com um leão que tinham tratado de o devolver à vida selvagem, em África, reencontro esse que se tornou emocionante, pois o dito felino reconheceu os seus antigos donos, apesar de já estar afastado dos mesmos havia cerca de um ano, não só não os atacando como também voltando a envolver-se em brincadeiras com eles. Um destes dias, a vagabundear por livrarias, calhei de reparar no livro que relata toda a história dessa dupla de australianos e do leão. Tem o mesmo por título "Um leão chamado Christian", da autoria de Anthony Bourke e Jonh Rendall, tendo sido editado pela Editorial Presença (Barcarena, 2009, 122 págs.). Nele se relata toda a história de Christian, desde a sua aquisição no Harrods, em Londres, em finais de 1969 pelos autores, a saga que os mesmos atravessaram na cidade londrina a verem o animal a crescer em apartamentos e a decisão de o colocarem no continente africano. Valeu-lhes a preciosa ajuda de George Adamson, estabelecido no Quénia e especialista de renome mundial na integração de felinos na vida selvagem vindos de cativeiros, que aceitou o desafio. Christian acabou por ir parar ao Quénia e, sob a batuta de George Adamson, reintegrou-se na vida selvagem. Um anos após de vida livre, Christian foi procurado pelos seus antigos donos, nos matos quenianos e é esse reencontro que o vídeo nos mostra, tendo o mesmo ocorrido em 1971. Depois o felino partiu, de novo, nunca mais voltando a ser visto. Resumido o livro nestas breves linhas, constato que se trata de uma narrativa ligeira, escrita ao correr da pena, sem grandes floreados, como convém, e documentado fotograficamente, pelo que se lê o mesmo com prazer e num fôlego.

Efemérides deste dia:
1772 - Por decisão de Sebastião José de Carvalho e Melo, Marquês de Pombal, foi promulgada a lei que reformulou os estudos menores em Portugal, criando-se o ensino primário oficial, bem como a abertura do primeiro concurso para a criação de 497 lugares de mestres escolas. (Portugal)
1919 - Nascimento de Sophia de Mello Breyner Andersen, poetisa (e não só) de grande vulto. (Portugal)

A frase:
"Dar um osso a um cão não é caridade. Caridade é partilhar o osso com o cão, quando se tem tanta fome como ele." (Jack London, escritor).

A exposição:
"A arte da guerra - propaganda da II Guerra Mundial". Apaixonado que sou por tudo o que se reporte sobre esta guerra, fui ver a mesma. Trata-se de um conjunto de 205 cartazes subordinados aos temas Financiamento, Protecção, Racionamento, Motivação e Produção, para além de sete expositores contendo, entre outras preciosidades, postais, bonecos, selos, revistas e crachás, bem como a projecção de pequenos filmes a reportarem-se ao tema bélico em causa e que, no seu conjunto, nos dão um conhecimento global de como os diversos países intervenientes no conflito, propagandeavam as suas ideias e os conselhos que davam aos seus concidadãos. Uma exposição que se recomenda vivamente e que pode ser vista, gratuitamente, no Museu Coleção Berardo (Centro Cultural de Belém - Lisboa) até 08 de Fevereiro do próximo ano. 

Gostei:
Dois atletas do Ginásio Clube de Portugal sagraram-se campeões europeus numa modalidade de ginástica, o que aconteceu pela primeira vez em Portugal.

Receei:
Ao ver a reportagem num  canal de televisão ia tendo um sobressalto. É que o Secretário de Estado da Juventude e Desportos, Alexandre Mestre, foi ao Ginásio Clube de Portugal felicitar todos os envolvidos nesta vitória europeia de ginástica e, por momentos, não sei porquê... dei-me a cogitar que o mesmo senhor fora lá para aconselhar os ginastas a saírem da sua zona de conforto e emigrarem. Mas não. Desta vez prevaleceu o bom-senso.

Lamentei:
Não tendo memorizado os nomes dos ginastas atrás referidos, quando vi a reportagem televisiva, fiz uma pesquisa, na "internet", em três noticiários electrónicos (22H30), pois pretendia nomeá-los no item "Gostei", o que seria mais que justo. Mas não. Praticamente só futebol, futebol e futebol. Gosto deste desporto mas... parafraseando parcialmente Jorge Sampaio ... há  mais desporto para além do futebol.

sábado, 5 de novembro de 2011

O livro:
Terminei a leitura dum livro fascinante que dá pelo título: "Dei o meu coração a África - a vida extraordinária de Joan Root", da autoria de Mark Seal, com a chancela da Editorial Presença - Lisboa, 2011. O mesmo relata a fabulosa vida dessa mulher ímpar que foi Joan Root que, de parceria com o seu marido Alan Root (outro aventureiro de primeira água), foram pioneiros nos documentários cinematográficos sobre a vida selvagem em África. Queniana de nascimento e opção (1936), na colaboração que presta aos seus pais numa empresa de safaris, vem a travar conhecimento com Alan Root. Juntos encetaram uma vida de documentaristas sobre a fauna, flora e paisagem africana durante duas décadas que os levaram, entre muitas filmagens, a sobrevoar o Kilimanjaro de balão(os primeiros a fazê-lo) e a apoiar Dyane Fossey nos seus iniciáticos passos em busca dos gorilas da bruma. Após o divórcio, segue o seu próprio caminho e acaba por se instalar, definitivamente, na área do lago Naivasha (Quénia), onde o casal possuía uma herdade e, praticamente solitária, trava uma batalha incessante contra os interesses economicistas que entretanto se instalavam na região (plantio incontrolável de roseirais) e destruíam todo o ecosistema da zona, perigando gravemente a flora e a fauna, quer terrestre quer lacustre. Viria a pagar com a vida essa luta, acabando assassinada (2006), nunca se tendo determinado a autoria do crime, pois os indivíduos presos pela Polícia acabaram julgados mas absolvidos. Lembro-me de há uns anos atrás ter visto um documentário do casal Root, no Canal História, sobre um trabalho que elaboraram àcerca da cobra cuspideira, na qual Joan Root, apenas protegida por óculos vulgares, ter-se submetido voluntariamente a ser atingida, por diversas vezes, pelo veneno do ofídeo que direccionava o mesmo para o seu rosto. Um documentário impressionante. No entanto, lamentavelmente, a vida lendária desta mulher não teve direito a um filme da grandiosidade "hollyoodesca" como a da falhada Karen Blixen, com o oscarizado "África minha". Contemporâneas no espaço e no tempo não o foram na fama. Mas há este livro. E todo o seu legado cinematográfico.

A recordar:
No dia de hoje nasceu a actriz Vivien Leigh (1913), que desempenhou um dos principais papéis num dos filmes da minha vida: "E tudo o vento levou".

A frase:
"Em tempo de guerra silenciam-se as leis", de Cícero.

A exposição:
"O mundo dos dinossauros", na Cordoaria Nacional, em Lisboa. É a maior exposição europeia sobre este tema (vendo o peixe ao preço que o comprei) e vale a pena ir vê-la. Não lamentei os seis euros que paguei pela entrada. Está montada até ao final do corrente ano. Mas, nos fins-de-semana e feriados, é bom ir cedo, devido à enorme afluência.

Humanidade, agradecei-me.

Hoje, 00H00 do dia 05 de Novembro de 2011, nasce um novo dia para a Humanidade, que vai ter a suprema felicidade de me ler.
Modéstia à parte, penso (logo existo) que deviam de mudar a cronologia dos factos da História deste planeta para A.S. (Antes do Satanhoco) e D.S. (Depois do Satanhoco) e atribuirem-me, desde já, o Prémio Nobel da Literatura. No mínimo.
Para começar decreto que escreverei no bom e velho português, pelo que recuso o Aborto Ortográfico que nos vão querer impingir a partir de Janeiro do próximo ano.
E agora, meus  caros leitores, fiquem a babar-se aguardando os meus próximos escritos.